Neste primeiro dia do encerramento do tabuleiro inferior da ponte projetada pelo engenheiro belga Théophile Seyrig para trabalhos de reabilitação, o trânsito automóvel, naquela zona, quer do lado do Porto, quer em Vila Nova de Gaia, não foi comprometido e entre as 08:15 e 09:15 este fez-se sem grandes constrangimentos.
Ainda assim, alguns condutores foram surpreendidos com o corte do trânsito, por esquecimento ou confusão com o dia em concreto do encerramento.
Foi o caso de Anabela Monteiro, que habitualmente percorre de carro o tabuleiro inferior para ir do Porto a Gaia, onde trabalha.
No entanto, explicou à agência Lusa, por se ter esquecido que as obras arrancavam a 14 de outubro, a sua ‘boleia’ terminou no início da ponte e o resto do percurso teve de ser feito a pé, a passo acelerado, para não chegar tarde ao trabalho.
Do outro lado do rio Douro, em Gaia, também Sílvia, confundida com o dia do encerramento ao trânsito, preparava-se para fazer inversão de marcha e procurar uma ponte alternativa para chegar ao Porto, onde trabalha.
“Já sabia que a Ponte Luiz I ia estar fechada, mas pensava que era apenas amanhã [sexta-feira]. Ainda agora ouvi na rádio que continuava aberta até ao final do dia”, referiu à Lusa, enquanto se preparava para se deslocar para a alternativa já pensada para o período de um ano previsto para as obras.
Com o trânsito a fluir sem formar filas nas zonas de acesso à ponte, já em duas das travessias alternativas, as pontes do Infante e da Arrábida, era visível a circulação automóvel com paragens, sobretudo no sentido Gaia-Porto.
Inaugurada em 1886 e inserida no centro histórico do Porto, zona classificada como Património Mundial da UNESCO desde 1996, a Ponte Luiz I continua durante o próximo ano a permitir a ligação pedonal entre as cidades do Porto e Gaia no tabuleiro inferior, mantendo-se a ligação de metro no tabuleiro superior.
O tabuleiro inferior agora vedado ao trânsito, até às 08:30 este esteve completamente disponível para peões e ciclistas, embora a dúvida se gerasse em alguns dos utilizadores sobre se o acesso pedonal estava disponível pelas lonas colocadas nas duas entradas a alertar para as obras.
Sem o habitual barulho dos carros, o silêncio era apenas interrompido pela passagem do metro, até à chegada do primeiro camião com material para os trabalhos que vão ser realizados.
Para Abílio Pereira, reformado, habituado a passar duas vezes ao dia de bicicleta, as obras pecam apenas por “tardias” e eram “há muito esperadas” devido à “degradação da ponte”.
“É só as pessoas adaptarem-se e irem por outros lados, é para um bem de todos e não vai afetar nada. Os pedonais podem passar, os ciclistas também, eu já estou reformado e se não viesse por aqui ia por outro lado”, salientou.
Também Alberto Pinto, que circulava de bicicleta, alertou que estas obras são “importantíssimas” e que “já deviam estar feitas” nesta ponte metálica, com dois tabuleiros, construída entre 1881 e 1886.
“É tarde, mas ainda se vai fazer. Se puder continuar a passar a pé não vai afetar nada, é um bom trabalho. Este é um monumento histórico da cidade, é uma obra excecional e estes trabalhos têm de ser feitos”, apontou.
A Infraestruturas de Portugal referiu que a empreitada de reabilitação e reforço do tabuleiro inferior desta travessia sobre o rio Douro, com um investimento de 3,3 milhões de euros, visa reparar um conjunto de anomalias já identificadas, a maioria das quais relacionada com a corrosão superficial de elementos metálicos e outras que venham a ser identificadas no decorrer das obras.
A IP explicou que o projeto vai conferir à ponte, e em particular ao tabuleiro inferior, uma capacidade resistente compatível com as sobrecargas rodoviárias atuais, permitindo eliminar a limitação de circulação de veículos com peso bruto superior a 30 toneladas, passando a ser admissível a circulação de veículos até 60 toneladas.
As obras vão afetar, pelo período de um ano, as linhas 900, 901, 906 e 11M da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP).
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