A decisão dos funcionários surge quando os médicos dos hospitais públicos estão em greve há 44 dias para exigir uma revalorização do seu salário, cujo valor caiu a pique num ano, desafiando uma ordem judicial da semana passada para que regressassem ao trabalho.
“Os nossos salários deterioraram-se, passando de uma média de 500 dólares norte-americanos em 2018 para apenas 40 dólares”, um valor que “diminui todos os dias”, disse Cecilia Alexander, presidente da confederação sindical que representa a maioria dos trabalhadores do setor público, à exceção dos militares e polícias.
O sindicato notificou o Governo de que os funcionários estão impossibilitados de ir trabalhar, precisou a responsável.
“Pedimos ao Governo que se abstenha de intimidar qualquer trabalhador que não compareça ao trabalho até que seja encontrada uma solução para remediar essa incapacidade”, acrescentou.
A confederação instou os trabalhadores a parar de pedir dinheiro emprestado ou a ir a pé para o trabalho se não puderem pagar a deslocação.
“Vocês não precisam de se substituírem ao empregador”, afirmou a organização sindical.
Esta posição dos funcionários faz aumentar a pressão sobre o Presidente zimbabueano, Emmerson Mnangagwa, após a recusa dos médicos de colocarem um fim ao seu protesto, desafiando a decisão judicial.
O Zimbabué está mergulhado há mais de 20 anos numa forte crise económica.
Este país da África Austral tem estado confrontado com a escassez, a queda da moeda local e uma elevada inflação – taxa anual superior a 300% em agosto, segundo o Banco Mundial, mais do dobro, segundo estimativas de economistas.
Na segunda-feira, o sindicato dos professores nas zonas rurais também apelou aos seus membros para não comparecerem ao trabalho, a fim de reivindicar uma revalorização dos seus ordenados.
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