"As ordens de busca e prisão contra o presidente Yoon Suk Yeol (…) foram emitidas esta manhã", revela um comunicado do órgão que investiga a declaração fracassada desta medida excepcional.
"Nenhum calendário foi estabelecido para os procedimentos a seguir", acrescentou o painel de investigação, que convocou Yoon três vezes sem sucesso para testemunhar no caso.
É a primeira vez na história da Coreia do Sul que um presidente em exercício, embora suspenso do cargo, é alvo de uma ordem de prisão.
Yoon mergulhou o país numa grave crise política ao declarar repentinamente a lei marcial na noite de 3 de dezembro e enviar o exército à Assembleia Nacional para cumprir a sua aplicação.
O presidente impôs a medida usando como justificação as ameaças das "forças comunistas da Coreia do Norte" e de "elementos anti-estatais" no país.
No entanto, com milhares de manifestantes nas ruas, os deputados da oposição conseguiram entrar na câmara e fazer valer a sua maioria para votar contra a lei e forçar o presidente a recuar.
A Assembleia Nacional aprovou o impeachment de Yoon a 14 de dezembro, mas deve ser ratificado pelo Tribunal Constitucional, que tem até meados de junho para tomar uma decisão.
O líder conservador também enfrenta acusações criminais por insurreição, um crime que na Coreia do Sul pode ser punível com prisão perpétua ou pena capital.
Uma multidão reuniu-se em frente à casa do presidente para apoiá-lo. "Lei marcial legal! Impeachment inválido", gritavam com cartazes e bandeiras sul-coreanas.
Num comunicado enviado à AFP, o advogado do presidente, Yoon Kab-keun, afirmou que "as ordens de busca e prisão a pedido de uma agência sem autoridade de investifação são ilegais e inválidas".
Segundo o advogado, a equipe conjunta formada pela polícia, pelo Ministério da Defesa e pelo órgão anticorrupção "não tem autoridade para investigar" o presidente.
Incerteza sobre a sua aplicação
Num relatório de dez páginas, consultado pela AFP, os investigadores salientam que Yoon autorizou os militares a disparar caso fosse necessário para tomar a Assembleia Nacional durante a aplicação da lei marcial.
O advogado do presidente garantiu à AFP que este relatório é "um relato parcial que não corresponde a circunstâncias objetivas ou ao bom senso".
O presidente, de 64 anos, que foi um advogado popular na Coreia do Sul, ignorou três intimações para ser interrogado sobre estes acontecimentos, o que levou os investigadores a solicitarem uma ordem de prisão.
A ordem só foi aprovada 33 horas depois, o que, segundo a imprensa local, é o tempo mais longo para este procedimento, sinal de que houve debate entre os magistrados encarregados de analisar o caso.
Não está claro, entretanto, se os investigadores e a polícia conseguirão executá-la. A ordem é válida até segunda-feira, disse um agente do gabinete de investigação de corrupção.
Até agora, o serviço de segurança de Yoon impediu a busca nos gabinetes presidenciais por três vezes.
A polícia enviou mais tropas para perto da sua residência no centro de Seul, onde eclodiram confrontos durante a noite.
Os media locais estimam que uma prisão imediata é improvável e consideram que os investigadores tentarão coordenar o procedimento com os serviços de segurança de Yoon.
Tecnicamente, qualquer pessoa que obstruir a execução desta ordem poderá ser presa.
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