“Além da lamentável intervenção do diretor-geral” no parlamento fomos “surpreendidos pela notícia de que o mesmo, na Base de Faro, quebrou uma vez mais a confidencialidade inerente às negociações e revelou a última proposta da easyJet aos tripulantes”, lamentou a estrutura sindical.
“Mais grave ainda, apresentou propostas de algumas situações laborais, das quais nem sequer deu conhecimento ao sindicato – o seu interlocutor direto”, disse o SNPVAC, acusando o diretor-geral de adotar “práticas avessas à intervenção sindical, tão características de outras empresas do setor”.
O sindicato disse ainda que o responsável, “despudoradamente, imputou ao sindicato a intenção de encerramento da Base de Faro quando, na véspera” questionados pela estrutura, disse o SNPVAC, “afirmaram perentoriamente que essa questão não estava a ser equacionada”.
“Entendemos que num processo em que há diferendo entre as partes, atitudes como estas não conduzirão, por certo, a bom porto, nem contribuem para soluções consensuais”, referiram, destacando que “provocar indignação e descontentamento aos tripulantes, não é, nunca foi, e jamais será o caminho certo para a paz social”.
“Exigiremos à empresa a necessidade de cessar, de imediato, este tipo de atuação, salvo se o seu intento for o de agudizar e extremar o diferendo em curso”, salientaram, destacando que “será condição imperativa o afastamento do diretor-geral, do processo de negociação”.
O diretor-geral da Easyjet assumiu na quarta-feira que a empresa está empenhada em “melhorar as condições” dos seus trabalhadores em Portugal, mas pediu “bom senso” para garantir a sustentabilidade da operação.
“Estamos empenhados em melhorar as condições de todos os nossos colaboradores em Portugal, mas temos de continuar a usar o bom senso para que este projeto possa continuar e compreendemos que existe quem não queira que isto aconteça, quem exige que não continue e que não cresça”, disse José Lopes na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão.
De acordo com o ‘country manager’ da Easyjet para Portugal, a empresa afasta o que disse terem sido as propostas apresentadas pelos sindicatos, com aumentos iguais ou superiores a 60%.
Na mesma comissão, numa audição realizada mais cedo, o SNPVAC assinalou que os trabalhadores da Easyjet em Portugal recebem cerca de menos 60%, em média, que os restantes trabalhadores da empresa na Europa.
Ana Dias, diretora do sindicato, registou que o SNPVAC não pretende aumentos que igualem esses valores, mas pede “um aumento que, pelo menos, acompanhe o crescimento da Easyjet aqui em Portugal”.
Perante estas declarações, José Lopes disse que a empresa já apresentou “quatro propostas diferentes”, contra duas do sindicato, e que uma delas consagra oscilações em várias modalidades entre os 18% e os 40%.
“Continuam nestes valores que são completamente irrealistas e que põem em causa o futuro da nossa empresa em Portugal”, detalhou o ‘country manager’ da Easyjet, que remeteu para as declarações do sindicato na audição anterior.
“Ainda há pouco, na audição anterior, ouvi dizer que o SNPVAC não quer aumentos de 60%, quer aumentos relacionados com o aumento do custo de vida, então assinamos já o contrato”, garantiu José Lopes.
De acordo com o gestor, do lado da Easyjet “essa abertura existe”, e remeteu para o Acordo de Empresa, que tem “uma proposta de mais 8% no primeiro ano e na ordem dos 20% a três anos, bem acima daquilo que é a inflação”.
“Nós queremos continuar a melhorar as condições das pessoas que trabalham connosco, se não o fizéssemos não conseguíamos crescer mais do dobro desde a pandemia para cá”, garantiu o responsável da empresa.
Uma destas propostas contempla, segundo o responsável, aumentos entre os 18% e os 30% no caso dos contratos a tempo completo e entre os 29% e os 40% nos casos dos contratos a tempo parcial, a três anos.
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