Segundo conta o Guardian, a descoberta ocorreu na sequência de um novo esforço dos cientistas para recolher e preservar o esperma da espécie protegida e em risco, para tentar garantir que sobrevive a novas ameaças e a um planeta que continua a aquecer.

O jornal britânico descreve as tuatara como criaturas pesadas, que levam até 16 meses a eclodir, e 35 anos a atingir o tamanho total de cerca de 0,5 metros. Podem viver e reproduzir-se até terem mais de 100 anos — em 2008, "Henry, a Tuatara" foi pai pela primeira vez aos 111 anos de idade.

Mas para os investigadores, a verdadeira surpresa foi descobrir que os espermatozoides da tuatara são os mais rápidos de todos os répteis estudados até à data. Os cientistas consideram que a velocidade pode "funcionar como uma adaptação à falta de órgão copulatório masculino" para ajudar à entrega. Isto porque a Tuatara, ao contrário da maioria de outros répteis, não tem órgão reprodutor, pelo que os seus espermatozoides têm de nadar mais rapidamente – neste caso, quatro vezes mais rápido do que outros répteis.

As tuataras são os únicos sobreviventes de uma espécie de lagartixa ancestral, da ordem de répteis que caminharam na Terra com dinossauros há 225 milhões de anos. Segundo o Departamento de Conservação, outras espécies de Sphenodontia (família da ordem de répteis Rhynchocephalia) eram comuns durante a era dos dinossauros, mas na sua maioria extinguiram-se há cerca de 60 milhões de anos. Outrora espalhada por toda a Nova Zelândia, as tuataras sobrevivem agora em algumas ilhas onde os predadores foram eliminados.

Atualmente, a sua existência tem sido ameaçada devido aquecimento global. O sexo da tuatara é determinado pela temperatura a que os ovos são expostos – temperaturas mais quentes geram mais machos. Assim, à medida que o planeta aquece, os cientistas avisam que cada vez mais eclodem machos, enviesando os nascimentos e colocando em risco a sua existência, já que populações de machos tornar-se-ão funcionalmente extintas.

Desta forma, os investigadores da Nova Zelândia estão empenhados em criar uma "apólice de seguro" de esperma congelado, que poderiam utilizar para restabelecer as populações atingidas por doenças, predadores ou rácios de sexo enviesados.

É um "seguro contra desastres", segundo explica Sarah Lamar, investigadora e candidata a doutoramento na Universidade Te Herenga Waka-Victoria, na Nova Zelândia.

"Nunca é preferível à reprodução natural, mas é comum entre espécies ameaçadas ou de importância para a conservação... É uma boa maneira de apoiar essa diversidade genética no caso de haver um desastre e esses genes importantes se perderem", acrescenta em declarações ao Guardian.

O processo de recolha é trabalhoso: os investigadores viajam para as ilhas e tentam interromper o ato da cópula. "Basicamente, basta encontrá-los a acasalar e separar um par para recolher uma amostra", explica Lamar. Até agora, os investigadores tiveram sucesso com 40 pares. Até então, os investigadores nunca tinham estudado esperma de tuataras, pelo que Lamar considera que se trata de uma boa oportunidade para estudar a melhor hipótese de fertilização.

As tuatara são uma espécie única e existem vários desafios para os investigadores que se questionam agora sobre a forma de preservar o seu esperma. "Demora muito tempo a perceber isto, e se se esperar até precisar desesperadamente, é demasiado tarde – porque pode levar anos a aperfeiçoar", explica Lamar. "Por isso, estamos a começar agora".

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