Segundo as autoridades ucranianas, cerca de 2.000 pessoas reuniram-se na fronteira com a Bielorrússia, na esperança de viajar para a cidade ucraniana de Uman para visitar o túmulo de um importante rabi hassídico que morreu em 1810, Nachaman de Breslov.
Milhares de judeus ultraortodoxos visitam anualmente a cidade durante o mês de setembro para o Rosh Hashanah, o ano novo judaico.
O evento é comemorado de 18 a 20 de setembro deste ano e alguns peregrinos conseguiram chegar a Uman antes de a Ucrânia ter fechado as fronteiras no final de agosto, devido a um surto de infeções de covid-19.
Milhares de outras pessoas viajaram pela Bielorrússia, que não impediu a entrada de visitantes estrangeiros.
Hoje, o funcionário do Ministério do Interior da Ucrânia Mykhailo Apostol reafirmou que os peregrinos não terão permissão para atravessar a fronteira.
“A Ucrânia fechou as fronteiras aos estrangeiros e nenhuma exceção vai ser feita para os peregrinos hassídicos. Está a ficar mais frio e sugerimos que eles voltem para a Bielorrússia, comprem bilhetes e voltem para casa”, disse Apostol aos jornalistas.
Também o ministro israelita da Educação Superior, Zeev Elkin, escreveu hoje que os esforços para ajudar os peregrinos a entrar na Ucrânia fracassaram e pediu-lhes para retornarem a Israel.
Enquanto milhares de peregrinos passaram dias em zonas despovoadas entre a Bielorrússia e a Ucrânia, alguns a dormir em tendas improvisadas e outros no chão, os dois países discutiam sobre o impasse.
Na quarta-feira, o gabinete presidencial da Ucrânia acusou as autoridades bielorrussas de enviarem sinais enganosos aos peregrinos de que teriam permissão para atravessar a fronteira.
As autoridades bielorrussas responderam acusando a Ucrânia de tratamento “desumano” aos peregrinos e ofereceram-se para fornecer um autocarro para levar os peregrinos a Uman e de volta à Bielorrússia.
O gabinete presidencial ucraniano alegou, na quarta-feira, que as ações das autoridades bielorrussas podiam estar enraizadas nas últimas tensões entre os dois vizinhos após a controversa eleição presidencial da Bielorrússia.
A Ucrânia juntou-se aos Estados Unidos e União Europeia nas críticas ao sufrágio de 09 de agosto, no qual o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, prolongou o seu regime autoritário de 26 anos, dizendo que a votação não foi livre nem justa e pediu às autoridades bielorrussas para acabarem com a repressão aos manifestantes.
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