As autoridades sul-coreanas adiantaram esta sexta-feira, 27 de abril, que os líderes coreanos tiveram conversas "sinceras e francas" sobre a desnuclearização e que estão a trabalhar na redação do comunicado conjunto.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, "tiveram um diálogo sincero e franco sobre a desnuclearização e o estabelecimento de uma paz permanente na península coreana, assim como sobre o desenvolvimento das relações intercoreanas", afirmou o porta-voz da presidência da Coreia do Sul, Yoon Young-chan, aos jornalistas. Os dois líderes devem encontrar-se de novo hoje à tarde, para novas reuniões, adiantou o porta-voz.
Yoon Young-chan declarou ainda que está a ser preparado um comunicado em conjunto a ser emitido depois das reuniões.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, mostrou-se também disponível para visitar o palácio presidencial do seu homólogo do Sul, em Seul, informaram as autoridades sul-coreanas.
O anúncio tem lugar na sequência do encontro histórico entre os líderes das duas Coreias na zona desmilitarizada que separa os dois países e é um sinal de abertura diplomática para continuar as negociações de paz.
A disponibilidade do líder norte-coreano surgiu, segundo fontes de Seul, citadas pela Associated Press, depois de Moon Jae-in ter sugerido a realização de mais cimeiras entre os dois líderes da península.
Segundo a mesma fonte, Kim Jong-un disse ainda ao seu homólogo que não voltaria a "interromper o seu sono matinal", numa alusão a testes de mísseis.
O arranque da cimeira
No começo da cimeira desta sexta-feira, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, disse ao líder norte-coreano, Kim Jong Un, que espera ver um "acordo ousado". "Espero que nos envolvamos em conversas francas e cheguemos a um acordo ousado para que possamos dar um grande presente a todo o povo coreano e às pessoas que querem a paz", disse Moon.
Já o homólogo do Norte acredita que um novo período na história intercoreana está a começar. "Eu vim para cá determinado a enviar um sinal de começo no limiar de uma nova história", disse Kim, prometendo uma "mentalidade franca, séria e honesta".
Depois de darem um aperto de mão por cima da linha que separa as duas Coreias, no paralelo 38, Kim Jong-un e Moon Jae-in seguiram para as instalações da cimeira, no lado sul da fronteira, onde iniciaram conversações.
De acordo com as imagens transmitidas em direto pelas televisões noticiosas internacionais, o aperto de mão deu-se em cima da linha que separa os dois países, com ambos os líderes sorridentes e com o presidente da Coreia do Sul a dizer ao seu homólogo do norte: “estou feliz por o ver”.
De seguida Kim Jong-un deu um passo em frente e entrou em território sul-coreano, tendo de imediato convidado Moon Jae-in a saltar consigo a fronteira e pisar solo norte-coreano, novamente sob aplausos dos presentes.
Após o cumprimento, acompanhado por aplausos pelas comitivas dos dois líderes, Kim Jong-un recebeu um ramo de flores das mãos de duas crianças e seguiu, ao lado de Moon Jae-in, para uma guarda de honra.
A France Press cita o diálogo ocorrido entre os dois líderes, referindo que Moon disse a Kim que poderia mostrar-lhe coisas bem melhores do que as visíveis das instalações onde decorre a cimeira, nomeadamente a Casa Azul, o palácio presidencial em Seul. “Irei à Casa Azul a qualquer momento se me convidar”, respondeu o líder da Coreia do Norte.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, sentaram-se frente-a-frente numa mesa oval, cada um rodeado por dois assistentes, permitindo que o arranque das conversações fosse transmitido em direto pelas televisões.
Segundo a France Press, antes de a cimeira ter início Kim Jong-un saudou o nascimento de uma nova era de paz. “Uma história nova começa agora – no ponto de partida da história e de uma era de paz”, escreveu o líder norte-coreano no livro de honra colocado nas instalações, no lado sul da fronteira, onde decorrem as conversações.
No arranque dos trabalhos, e segundo a Associated Press, Kim Jong-un disse a Moon Jae-in que não iria repetir o passado onde as duas partes se mostraram “incapazes de alcançar acordos”. Este encontro é o terceiro do género desde o fim da guerra da Coreia, que terminou em 1953.
Quando os chefes de Estado se dirigiam para a zona do encontro, Pyongyang, através da KCNA adiantou que Kim iria discutir, “de coração aberto”, com Moon, “todas as questões relacionadas com a melhoria das relações inter-coreanas e a realização da paz, prosperidade e reunificação da península coreana”.
Ainda segundo a KCNA, depois das conversações, Kim vai plantar uma árvore com Moon, para assinalar o encontro, divulgar os resultados e participar no jantar organizado pelo dirigente sul-coreano, antes de regressar a Pyongyang.
A Coreia do Sul também divulgou detalhes do encontro, que vai ser o terceiro inter-coreano a decorrer na vila fronteiriça de Panmunjom desde que a guerra entre as duas Coreias terminou, 1953. As conversações devem centrar-se no programa nuclear norte-coreano. A árvore a plantar é um pinheiro e a terra em que o será veio dos dois países.
Sob o olhar atento da Casa Branca
Os Estados Unidos manifestaram hoje a esperança de que a cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, conduza a “um futuro de paz”.
“Esperamos que as conversações permitam caminhar para um futuro de paz e de prosperidade para toda a península coreana”, afirmou a Casa Branca em comunicado, pouco depois de os líderes das duas Coreias darem um aperto de mão sobre a linha de separação dos dois países, no paralelo 38.
Washington desejou ainda “boa sorte ao povo coreano” e sublinhou a sua intenção de “prosseguir as discussões aprofundadas para a reunião prevista entre o presidente Donald J. Trump e Kim Jong-un nas próximas semanas”.
(Notícia atualizada às 07h39)
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