
“Na Igreja ninguém está a mais, há espaço para todos. Repitam comigo. Quero que digam na vossa própria língua: todos, todos, todos”, disse o Papa Francisco na cerimónia de acolhimento da Jornada Mundial da Juventude, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.
Estas palavras, que ficam para sempre na memória dos portugueses, servem para João Clemente, diretor do Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa, refletir sobre a relação do Papa Francisco com os jovens.
"Desde o início do pontificado do Papa Francisco, fomos percebendo que os jovens tinham um lugar muito particular na vida do Papa. E vimos isso logo nas jornadas em que esteve, no Rio de Janeiro, em Cracóvia. E depois vimos quando o Papa desejou e concretizou um sínodo sobre os jovens", diz ao SAPO24.
Assim, o pontífice quis "escutar os jovens do mundo inteiro, perceber quais eram os seus medos, as suas dúvidas, os seus anseios, as suas alegrias, para que, de facto, a Igreja pudesse dar uma resposta e pudesse chegar próximo dos jovens", pelo que "é impossível dissociar o Papa Francisco da juventude".
D. Rui Valério, Patriarca de Lisboa, acentua também esta ideia ao SAPO24. "Proximidade é a palavra certa para definir a relação dos jovens com o Papa Francisco e com o Papa Francisco com os jovens".
Ao longo dos anos, o Santo Padre pediu aos jovens para não terem medo de agir e de seguir em frente com os seus ideais e crenças. "Deus é ação, Deus é dinâmico. E o Papa Francisco quis colocar-nos exatamente em movimento. O Papa Francisco pediu ainda aos jovens, que gritavam 'esta é a juventude do Papa', para não terem medo de agir e de seguir em frente com os seus ideais e crenças, sendo protagonistas das suas vidas", recorda o padre Ricardo Figueiredo.
"Sobretudo, eu gostava de usar aquela imagem que o Papa Francisco usava para os jovens, que era' troquem o sofá pelos ténis de caminhar'", aponta ainda o diretor de comunicação do Patriarcado de Lisboa ao SAPO24.
Agora, as grandes questões são o que esperam os jovens da Igreja — e como é que a Igreja se vai continuar a adaptar ao futuro.
Para João Clemente, "o futuro da Igreja é com os jovens, mas os jovens também são o agora de Deus. O Papa Francisco dizia isso muitas vezes, que os jovens não estão apenas focados no futuro, mas hoje, agora, é o tempo dos jovens".
"Fazer barulho é característico dos jovens. Onde os jovens estão, há alegria, há festa. O Papa Francisco também nos disse várias vezes que via a Igreja como uma sinfonia. Uma sinfonia onde, harmonicamente, há barulho, mas há um barulho saudável", completa.
Por tudo isto, não tem dúvidas do que os jovens podem receber da Igreja. "Acima de tudo, a Igreja tem para dar aos jovens uma possibilidade de esperança, um sentido para a vida, uma proposta concreta e existencial para a vida de cada jovem. Independente das suas fragilidades, dos seus problemas, a Igreja tem na sua natureza o anúncio deste Cristo vivo, que é a vida plena, a vida feliz, a vida eterna", remata.
Para o Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, o futuro faz-se também de acordo com os ensinamentos do Papa Francisco. "Quem está para dar um salto em frente, sabe que um dos pés tem de estar assente numa base muito sólida. Esta imagem de mandar-se para a frente só é possível se houver uma plataforma consistente, firme. Então temos aqui esta harmonia entre o que é a memória e o que é a esperança".
"O Papa Francisco, de uma forma genial — ousaria quase a dizer única — era capaz de nos sintonizar com estas duas asas: a memória, por um lado, o não esquecermos as nossas raízes, insistir nos avós, no passado, na história; e [conseguirmos] abrir novos horizontes, novas perspectivas. Para todos, mas particularmente para os jovens", conclui.
Comentários