“Estamos à procura de mais informação dos serviços de informações sobre a utilização de drones iranianos na Ucrânia, por parte das forças armadas russas”, indicou o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
Em declarações aos jornalistas portugueses no final da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, no Luxemburgo, João Gomes Cravinho acrescentou que a UE está “a investigar”, pelo que “naturalmente que se se verificar que foram drones iranianos vendidos à Rússia depois de 24 de fevereiro [data de início da invasão russa da Ucrânia], haverá sanções acrescidas ao Irão”.
Já hoje, os chefes da diplomacia da UE aprovaram sanções aos responsáveis pela repressão aos protestos no Irão, após a morte de uma jovem iraniana.
“O ministro iraniano, em conversa telefónica comigo na sexta-feira e também com o próprio [chefe da diplomacia da UE] Josep Borrell negou determinantemente que o Irão tenha vendido drones à Rússia”, adiantou João Gomes Cravinho à imprensa.
As autoridades ucranianas acusam desde agosto o Irão de fornecer os chamados “drones ‘kamikaze'”, que chocam com os alvos, ao Exército russo, embora Teerão tenha negado estar envolvido nessa transação, assim como Moscovo.
No final de setembro, a Ucrânia retirou as credenciais do embaixador iraniano em Kiev e anunciou uma redução significativa da presença diplomática iraniana.
Hoje, o Conselho da UE adotou hoje sanções contra os responsáveis iranianos, incluindo a chamada política da moralidade, na sequência da detenção e morte da jovem Mahsa Amini, pelo uso incorreto do véu islâmico.
A lista de sanções, publicada no Jornal Oficial da UE, inclui onze responsáveis iranianos, entre os quais o ministro da Informação, Iça Zarepour, que fica impossibilitado de entrar no bloco europeu e os seus bens serão congelados, bem como quatro entidades, como a polícia de moralidade do Irão.
O chefe da polícia da moralidade, Mohammad Rostami e o chefe das forças policiais iranianas em Teerão, Hossein Rahimi, estão também entre as personalidades sancionadas.
O Irão tem sido palco de protestos desde que Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos, morreu a 16 de setembro depois de ter sido presa em Teerão pela chamada Polícia de Moralidade por ter alegadamente violado um código de vestuário que exige que as mulheres usem o hijabe, o véu tradicional muçulmano que cobre a cabeça e os ombros.
Dezenas de pessoas foram mortas em quase um mês de protestos, sobretudo manifestantes, mas também elementos das forças de segurança, e centenas de outras foram detidas, de acordo com as autoridades iranianas.
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