“Viemos aqui hoje dirigirmo-nos ao senhor primeiro-ministro, que afirmou que estaria disponível para resolver os problemas dos transportes de Lisboa. Então, hoje viemos cobrar essa promessa”, afirmou à agência Lusa uma das representantes da Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa Diana Simões.
No âmbito da vigília de protesto, os utentes empunharam cartazes com frases de ordem como “Estamos fartos. Exigimos transportes públicos de qualidade!”.
“As nossas exigências continuam a não ser ouvidas. O Governo, a Câmara, a administração do Metro e da Carris continuam a não dar resposta aos problemas dos utentes”, declarou Diana Simões.
Neste sentido, a iniciava de hoje, que se realiza na sequência de “várias ações de luta” desenvolvidas pela Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa, pretendeu “mostrar que os utentes continuam descontentes e cada vez mais fartos do estado de rutura a que os transportes chegaram”.
Durante a vigília de protesto, os utentes promoveram um “freeze flash mob/manequin challenge” para demonstrarem, simbolicamente, que os transportes públicos de Lisboa paralisam a vida dos cidadãos, devido aos atrasos, perturbações e avarias no Metro e na Carris.
Na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, os utentes entregaram um manifesto, uma carruagem em cartão, por conta das 20 carruagens do Metro paradas e da quarta em falta na linha Verde, e “sardinhas em lata”, que é como se sentem quando utilizam os transportes públicos da capital.
Em relação ao Metro, os utentes criticam a existência de “cerca de 20 carruagens paradas por falta de peças”, a supressão de carruagens, “a redução de cerca de 300 trabalhadores” e a falta de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida em algumas estações.
“É caso para dizer que o Metro pára as nossas vidas e nós paramos as nossas vidas à espera do Metro”, disse Diana Simões.
Ao nível da Carris, os problemas identificados são a supressão de carreiras, o corte de alguns percursos ao fim de semana e a questão da mobilidade nos autocarros.
De acordo com a representante da Comissão de Utentes, está já agendada para 26 de janeiro uma reunião com o ministro do Ambiente, que tutela os transportes, lamentando o facto de não ter acontecido antes dos aumentos, uma vez que o pedido de encontro foi feito em novembro.
À Câmara de Lisboa e a administração do Metro e da Carris, a Comissão de Utentes também solicitou uma reunião em novembro, mas até ao momento não obtiveram resposta.
Presente na vigília de protesto, o deputado do BE Heitor de Sousa defendeu “um grande reforço do investimento público nas empresas públicas de transportes para que todas as carências que atualmente existem, bem como a necessidade de requalificação dos sistemas de transportes nas regiões metropolitanas de Lisboa e do Porto, aconteçam no mais curto de espaço possível”.
Neste âmbito, o BE vai apresentar, na quinta-feira, um projeto de resolução que visa “corrigir o investimento público, a estratégia de investimento público em transportes públicos nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto”.
Segundo Heitor de Sousa, o reforço do investimento público em transportes públicos deve ser de “cerca de mil milhões de euros”.
Na ação de protesto esteve também a deputada do PCP Ana Mesquita, comprometendo-se na “defesa dos trabalhadores e dos utentes dos transportes públicos”.
“Não é admissível a atual situação”, considerou a deputada comunista.
O PCP entregou hoje um requerimento, na Comissão de Economia, para se constituir um grupo de trabalho no parlamento para “fazer face aos problemas que se vivem nos transportes públicos”.
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