Numa carta dirigida à Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, e à qual a agência Lusa teve acesso, os 29 deputados de diferentes bancadas parlamentares solicitam uma “forte e unida posição da UE” sobre a Venezuela, que “reconheça Juan Guaidó como o único e legítimo Presidente interino” do país.
Isto “enquanto não forem marcadas novas eleições”, acrescentam.
“Acreditamos que o explícito reconhecimento de Guaidó seria uma continuação do compromisso da UE em apoiar uma solução pacífica e democrática para a crise na Venezuela”, vincam os eurodeputados, entre os quais os portugueses Carlos Coelho e José Inácio Faria, do Partido Popular Europeu.
Na missiva, os 29 responsáveis europeus lamentam que a situação naquele país da América do Sul “se tenha vindo a deteriorar nos últimos anos”, fazendo com que “os venezuelanos sofram há demasiado tempo com massivas violações dos seus direitos humanos e democráticos”.
Juan Guaidó autoproclamou-se na quarta-feira Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.
Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a maioria dos países da América Latina, à exceção de México, Bolívia, Nicarágua e Cuba – que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela -, já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
Rússia, China, Turquia e Irão manifestaram também o seu apoio a Nicolas Maduro.
A União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que “os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados” e instando à “abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional”.
Da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, expressou na quarta-feira pleno respeito pela “vontade inequívoca” mostrada pelo povo da Venezuela, disse esperar que Nicolás Maduro “compreenda que o seu tempo acabou” e apelou para a realização de “eleições livres”.
Os Estados Unidos pediram a realização no sábado de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, para abordar a situação na Venezuela.
A Venezuela, país onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
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