"O Governo da República Bolivariana da Venezuela irá rever integralmente as relações bilaterais com esses governos, a partir deste momento, até que se produza uma retificação que descarte a seu apoio aos planos golpistas e se caminhe para o respeito estrito pelo direito internacional", explica um comunicado do Ministério de Relações Exteriores venezuelanos.
No documento, divulgado em Caracas, o Governo de Maduro apela “aos governos europeus para que transitem pelo caminho da moderação e do equilíbrio, para que sejam capazes de contribuir construtivamente para uma via política, pacífica e dialogada, que permita abordar as diferenças entre as forças políticas venezuelanas".
No comunicado, a Venezuela começa por expressar "a mais forte condenação da decisão adotada por alguns governos da Europa, na qual se unem oficialmente à estratégia da administração norte-americana para derrubar o Governo legítimo do presidente Nicolás Maduro, que o povo venezuelano escolheu de forma soberana, livre e democrática".
"A soberania do povo venezuelano não está sujeita a nenhum tipo de reconhecimento de parte de qualquer autoridade estrangeira, muito menos após 200 anos de ter quebrado as cadeias coloniais, graças à gesta independentista liderada pelo Libertador Simón Bolívar (político venezuelano)", afirma.
Segundo Caracas, "é alarmante o grau de subordinação desses governos à política belicista liderada pelo atual governo dos Estados Unidos contra a Venezuela, que por sua vez atenta contra a paz e a estabilidade de toda a região".
"Denunciamos que esta decisão é abertamente violadora dos princípios e práticas que regem as relações diplomáticas, estabelecendo um precedente perigoso para a coexistência pacífica entre as nações", explica.
No comunicado, Caracas adverte que esses governos "estão a tomar posição pela fação mais extremista da direita venezuelana que, agindo sob a direção de Washington, procura desesperadamente assumir o controlo do poder político que lhe foi negado por decisão soberana da maioria do povo venezuelano, que expressou a sua clara vontade democrática nas eleições presidenciais de 20 de maio de 2018".
O presidente da assembleia nacional da Venezuela, Juan Guaidó, garantiu hoje novos apoios internacionais, após oito países da União Europeia (UE), incluindo Portugal, o terem reconhecido como presidente interino do país até à convocação de eleições presidenciais.
Estes reconhecimentos foram anunciados poucas horas depois de ter expirado o ultimato de oito dias emitido pela UE, mas sem unanimidade, para que o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocasse eleições livres e democráticas.
Maduro tinha rejeitado a possibilidade de abandonar o poder ou de convocar novas eleições presidenciais, ao sublinhar “não aceitar ultimatos de ninguém”.
A crise política na Venezuela agravou-se a 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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