O vídeo, com quarenta segundos, mostra um local de trabalho e o que pode ser um qualquer escritório, vendo-se uma mulher que aborda outra para lhe dizer que quando esta está em teletrabalho o rendimento não é o mesmo, que alguma coisa se passa, mas também que sabe aquilo por que ela está a passar porque também já passou pelo mesmo e que a pode ajudar.
“É esse passo de prestar apoio, de dar uma mão, um suporte, de capacitar, ajudar e de dizer este é o número de contacto que pode ajudar e tem informação capaz de ajudar nestas situações”, explicou, em declarações à Lusa, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, lembrando que é possível pedir ajuda através do 800 202 148 ou pelo número de sms 3060.
Segundo Rosa Monteiro, a campanha vai estar espalhada pelo país, em vídeo e em cartazes, graças a uma “parceria muito alargada”, não só com órgãos de comunicação social nacionais e regionais, mas também com empresas de transporte, como o Metro de Lisboa, a Carris ou a empresa Barraqueiro; hipermercados, rede multibanco, postos de combustível, lojas do cidadão, postos da PSP e da GNR, escolas e municípios, além de 15 organizações não governamentais (ONG) que trabalham no terreno.
“O grande objetivo é chegar através de todos os meios de proximidade às pessoas”, sublinhou, acrescentando que a campanha teve o apoio financeiro de dois grupos empresariais.
Já os cartazes mostram três imagens diferentes de mulheres sobre as quais estão escritas mensagens reais que chegaram aos serviços de apoio durante a pandemia, não só para mostrar como esta é a realidade atual e os condicionalismos que isso determina, mas também que há informação disponível e que é preciso agir.
Rosa Monteiro explicou que esta campanha tem o “grande objetivo” de chegar a todas as pessoas que sabem ou presenciam um caso de violência doméstica, em linha com um estudo recente do Instituto Europeu da Igualdade de Género (EIGE, na sigla em inglês) sobre o papel das testemunhas e os fatores que determinam a sua intervenção.
De acordo com a secretária de Estado, o estudo do EIGE concluiu que a informação disponibilizada sobre a que serviços recorrer num caso de violência doméstica ou como apoiar alguém que precisa de ajuda “é fundamental” não só para as próprias vítimas, mas também para todas as pessoas que possam ser testemunhas deste tipo de crime.
“É fundamental saber dar esse passo, não só por parte das vítimas, saber que tipo de serviços têm ao seu dispor, mas realmente também por parte das testemunhas”, sublinhou.
De acordo com Rosa Monteiro, a campanha que agora é divulgada pretende ir ao encontro da “tendência crescente” no número de pedidos de apoio, de informação e de participações feitos por terceiras pessoas durante a primeira vaga da pandemia.
Apesar de não haver para Portugal um estudo representativo sobre o papel das testemunhas na denúncia de casos de violência doméstica, Rosa Monteiro afirmou que a perceção das equipas que trabalham no terreno é a de que “há uma evolução na procura do apoio e da informação”.
“Já há muito mais responsabilização por parte de familiares, vizinhos, colegas, chefias, temos essa perceção e inclusivamente também as forças de segurança que dizem que durante a pandemia aumentou o número de pedidos que chegam por terceiras pessoas e isso é muito positivo”, destacou.
Rosa Monteiro admitiu inclusivamente que tem também sido contactada por pessoas que pedem ajuda para alguém que julgam estar a ser vítima.
Ainda assim, a governante não acredita que o país já esteja num patamar de civismo de “dar o murro na mesa e assumir uma proatividade em relação às situações” que cada um vê ao seu lado, mas está “bastante melhor”.
Outro dos fatores que facilita que as testemunhas procurem ajuda, segundo o estudo do EIGE, é saber que existe um sítio onde encontram toda a informação sobre como agir, como ajudar ou encontrar apoio.
“Esse é o caminho que estamos a fazer porque esse é o caminho da ação”, sublinhou Rosa Monteiro, concluindo que “existe uma alternativa a uma vida de violência”.
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