“Desde que criámos a linha SMS, ela tem sido bastante utilizada. Desde o dia 27 de março, registámos 44 contactos”, disse ao SAPO24 Rosa Monteiro, secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.
A linha SMS pretende reforçar as formas de pedido de ajuda durante o período de isolamento social em que as vítimas podem estar confinadas ao mesmo espaço que os agressores, e os dados foram partilhados em jeito de balanço no final da primeira semana desde a criação do serviço.
O número é gratuito e apenas é preciso enviar um SMS para o 3060 para pedir socorro.
Número de contactos mantém-se, pedidos de apoio psicológico aumentam
Em termos gerais, o número de pedidos de ajuda em casos de violência doméstica “está dentro do padrão normal”, indica Rosa Monteiro, referindo-se aos contactos feitos a nível nacional, até ao momento, e que incluem também aqueles que são feitos para a linha telefónica que já existia - 800 202 148 [aqui encontra a lista com todos os contactos de apoio nas diferentes regiões do país].
“O que me têm dito é que se regista é um aumento de procura de apoio psicológico” no caso das mulheres que já estavam a ser acompanhadas, refere a secretária de Estado. “Situações de estado de ansiedade, situações de pânico, porque estas pessoas viveram situações obviamente traumáticas, com históricos de violência”, continua.
Apesar de constatar que “ainda não se regista um aumento” dos pedidos de ajuda, isso “não significa que as situações de violência tenham abrandado”, sublinha Rosa Monteiro.
A secretária de Estado refere que a informação que chega de outros países é que não se verificou um aumento dos contactos no início dos períodos de isolamento, havendo até casos em que se registou “uma diminuição dos pedidos de ajuda ou das denúncias”.
Essa tem sido a experiência da APAV desde que o estado de emergência foi decretado em Portugal, com o número de pedidos a descer para menos de metade, disse ao SAPO24 Daniel Cotrim, psicólogo e assessor técnico da direção da instituição.
No entanto, Rosa Monteiro adverte: “Com o avançar das situações e do tempo de permanência em situação de isolamento, é que se registou um aumento” nos outros países.
“Estamos a reforçar o contacto para acautelar as situações. Por parte das forças de segurança há uma maior preocupação e um acentuar da atenção aos casos de violência [doméstica]”, acrescentou.
Reforço das vagas nas estruturas de acolhimento
As medidas sanitárias e as limitações ao processo de autonomização das vítimas que estão em casas-abrigo são dois dos motivos que levaram à necessidade de criar novas vagas nas estruturas de acolhimento.
“Todas as estruturas foram orientadas no sentido de terem um quarto de isolamento”, o que “reduz a capacidade” das instalações, explica Rosa Monteiro. Por outro lado, “nesta fase, a autonomização não irá acontecer com a mesma regularidade que acontecia em momentos ditos normais. E portanto as vítimas vão permanecer nas estruturas de acolhimento”, acrescenta.
“Neste momento temos já mais 100 vagas exatamente para responder a estas situações excecionais”, afirmou, uma semana depois de o anúncio de reforço ter sido feito.
Ainda assim, a secretária de Estado adiantou que quinta-feira, 2 de abril, teve informação “de algumas saídas de mulheres que já se sentem seguras”. “Está concluído o seu processo de acolhimento e foram para casa de familiares ou para apartamentos”, contou.
Está entretanto a ser fechado o já anunciado protocolo com o Ministério da Saúde que permitirá agilizar os procedimentos de teste diagnóstico da Covid-19 às vítimas que estejam “com sintomas” ou que sejam encaminhadas para uma estrutura de acolhimento.
Até ao momento, não há “registo de casos de infeção de mulheres” nas estruturas de apoio às vítimas de violência doméstica, segundo a Secretária de Estado.
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