
Se vive na capital, sabe quais são os locais da sua freguesia para onde deve ir, caso um fenómeno semelhante ou mais catastrófico volte a acontecer?
O SAPO24 sabe que a Câmara Municipal de Lisboa tem desenvolvido, ao longo dos últimos anos, ferramentas com o objetivo de uma prevenção hiperlocal, ou seja, dotar cada uma das juntas de freguesia da cidade de competências para colaborar em atividades no âmbito da Proteção Civil.

O Projeto de Planeamento Local de Emergência (PLE), uma iniciativa do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa (SMPC), elaborado em 2018, é uma dessas ferramentas que pretende desenvolver, em parceria e conjuntamente com as juntas de freguesia da cidade, a preparação e o aumento da capacidade de resposta e recuperação das populações numa situação de acidente grave ou catástrofe.
Em declarações à nossa redação, o SMPC revelou que, neste momento, está em curso o desenvolvimento do PLE em 14 das 24 freguesias de Lisboa. O propósito é, contudo, implementá-lo em toda a cidade.
Aliás, no fim do ano passado já nove freguesias (Alvalade, Arroios, Lumiar, Misericórdia, Penha de França, Parque das Nações, Santo António, Olivais e Campo de Ourique) trabalhavam no sentido de terem os PLE implementados, sendo que algumas freguesias já os disponibilizam nos respetivos sites.
Já os “pontos de encontro”, locais seguros para onde a população se deve dirigir em caso de necessidade após um sismo, e as Zonas de Concentração e Apoio à População (ZCAPs), locais para onde, posteriormente, a população deve ser encaminhada, estão a ser definidos no âmbito dos PLE.
Contactadas pelo SAPO24, as Juntas de Freguesia de Avenidas Novas e do Beato confirmaram que já submeteram o Plano Local de Emergência e Proteção Civil da Freguesia de Avenidas Novas e o Plano Local de Emergência e Proteção Civil da Freguesia do Beato (PLEPC), respetivamente, à consideração do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, aguardando a validação dos mesmos para serem amolgados.
Adaptados às suas freguesias e à realidade dos seus residentes, tal como deverão ser os PLE de todas as freguesias, os planos contemplam o levantamento extensivo de respostas das freguesias, nos diferentes casos de catástrofe.
O responsável da Proteção Civil da Junta de Freguesia de Avenidas Novas deu ainda a conhecer que, com a primeira fase terminada, em maio começaram a ser feitas visitas técnicas aos locais da freguesia para verificar a viabilidade de serem definidos como pontos de encontro.
Por sua vez, a Junta de Freguesia do Beato referiu que, depois de o PLE submetido, em abril, ser aprovado, os pontos de encontro aconselhados aos cidadãos na freguesia vão constar no documento. No entanto, aguarda-se ainda a validação destes pelo SMPC, através de uma visita técnica, que marcará os locais e permitirá a divulgação dos mesmos, em caso de aprovação.
Já a Junta de Freguesia de Santo António, em declarações à nossa redação, informou que o seu PLE está integrado no projeto “Bravos de Santo António” – projeto vencedor da categoria “Segurança, Saúde e Proteção Civil, subcategoria Combate e Prevenção de Catástrofes Naturais”, da Autarquia do Ano, na edição 2022/23 - e na Unidade Local de Proteção Civil (ULPC).
No âmbito da ULPC, a freguesia tem ainda efetuado diversas ações de sensibilização em hotéis, comércio local e com fregueses, e desenhou um Manual de Medidas de Autoproteção da Freguesia, criado com os Bravos de Santo António, que dispõe de diversas informações sobre sismos e outros riscos.
Este projeto já ministrou 12 ações de formação, que englobaram 185 pessoas da sociedade civil, formadas e capacitadas para prestar os primeiros socorros, em casos de catástrofe.
Até ao momento, e de acordo com as freguesias contactadas, sabe-se que, em cada PLE, e em caso de necessidade, se aconselham os seguintes pontos de encontro:
- Alvalade: Estádio 1.º de Maio/INATEL; Espaço Alameda da Universidade de Lisboa/REITORIA; Estádio Universitário de Lisboa/UEL;
- Arroios: Largo do Intendente Pina Manique; Alameda D. Afonso Henriques; Mercado do Forno do Tijolo; Jardim António Feijó; Campo dos Mártires da Pátria e o Mercado 31 de Janeiro,
- Olivais: frente ao Mercado da Encarnação Sul; instalações desportivas ADCEO; Alameda; Parque Urbano do Vale do Silêncio; campo Sport Lisboa e Olivais;
- Parque das Nações: piscina do Oriente; IPDJ/ESTSEL; centro de dia; Escola Básica Infante D. Henrique; capela na Rua do Padre Abel Varzim; Centro Desportivo Olivais e Moscavide (CDOM); Colégio João XXIII; Hospital CUF Descobertas; igreja Mórmon;
- Santo António: topo do Parque Eduardo VII;
O SAPO24 tentou entrar em contacto com as Juntas de Freguesia da Ajuda, Alcântara, Areeiro, Belém, Benfica, Campolide, Carnide, Estrela, Marvila, Santa Clara e São Vicente, mas sem sucesso.
Embora sem dados oficiais, segundo a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, os locais aconselhados poderão ser a sede da Junta, no conhecido Largo do CDS, ou o Largo da Madalena.
Em caso de catástrofe, se a sua freguesia ainda não divulgou locais de pontos de encontro, e se estiver na rua, dirija-se para locais abertos, como praças, descampados ou avenidas largas, se possível longe de edifícios, postes de eletricidade ou outros objetos que possam cair.
Outros mecanismos
Ainda sobre este tema, o Serviço Municipal de Lisboa esclareceu que está em curso o processo de instalação de sirenes, iniciado já no presente mandato autárquico, suportado através de financiamento europeu.
As sirenes serão instaladas nas zonas, historicamente, consideradas mais suscetíveis a um tsunami, de acordo com o raio de alcance e a eficácia dos equipamentos, bem como a concentração previsível da população.
Hoje em dia, Lisboa tem duas sirenes, e a respetiva sinalética de evacuação horizontal, instaladas e operacionais: uma na Praça do Império, na Freguesia de Belém, e outra na Avenida da Ribeira das Naus, na Freguesia de Santa Maria Maior, que também serve a Freguesia da Misericórdia.
As duas sirenes foram testadas em dois exercícios: um na Freguesia de Belém, em outubro de 2022, e outro nas Freguesias de Santa Maria Maior e Misericórdia, em março deste ano.
Está previsto o reforço desde sistema com a instalação de mais equipamentos, tendo sido já realizados alguns exercícios e estudos técnicos para identificar os locais prioritários de instalação, de forma a alargar o dispositivo a toda a frente ribeirinha da cidade.
A Freguesia do Beato fez também questão de salientar que promove, anualmente, a Demonstração de Meios de Proteção Civil, onde participam as várias forças de Proteção Civil nacional e municipal e onde são realizadas ações de informação e sensibilização de proteção e demonstração de meios de resposta em diferentes situações, tanto à população local como aos visitantes da freguesia.
O Beato foi ainda pioneiro na divulgação de um guia prático com informação sobre proteção em caso de terramoto, em colaboração com o Instituto Superior Técnico, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil e outros.
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