“O PS pode fazer o apelo ao voto útil que quiser, eu estranharia era se não fizesse”, disse o comunista, considerando que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, “anda à pesca” de votos.

Falando aos jornalistas no final de uma iniciativa para apresentar 30 medidas prioritárias da CDU (coligação PCP/PEV) para o país, Paulo Raimundo deu como exemplo a promessa do PS de acabar com as portagens nas antigas SCUT.

“A única garantia que aquela gente toda que paga portagens tem para aquela promessa, aquela e outras, ser concretizada, não é dar maioria absoluta ou dar maioria ao PS, é votar no PCP e na CDU, porque é a nossa força que vai obrigar a que todas as promessas que estão a ser feitas hoje sejam cumpridas”, defendeu.

O secretário-geral do PCP disse estar “farto desta ideia de que agora é o tempo das promessas e depois há o tempo de justificar porque não se pode cumprir as promessas feitas”.

“O voto útil, se vamos por aí, é o voto no PCP e na CDU, desde logo porque tem as soluções e tem as propostas. É o voto de protesto, é o voto de soluções, é o voto que obriga o Partido Socialista a vir às soluções. Com a força que tivermos, obrigaremos o PS a vir para as soluções que são necessárias e as respostas que são necessárias”, sustentou.

Raimundo salientou também ser “o voto mais seguro, a maior garantia do combate à direita e à política de direita, com anos e anos de experiência acumulada neste combate”.

“Nós estamos a construir por baixo o resultado que nos querem roubar por cima”, afirmou ainda.

Na sexta-feira à noite, no debate que opôs Pedro Nuno Santos ao porta-voz do Livre, Rui Tavares, o líder socialista fez um forte apelo ao voto útil, assumindo que o PS tem uma “agenda compatível” com a do Livre, mas que só será concretizada em caso de vitória socialista nas legislativas.

Questionado também sobre o recuo do líder do PSD, que vai marcar presença no debate desta noite na RTP frente ao secretário-geral do PCP, depois de a coligação ter proposto que fosse o presidente do CDS-PP, Paulo Raimundo afirmou que, assim sendo, “está tudo resolvido”.

“Encontrou-se essa solução e está resolvido. Acho que isso era um caso que deixou de ser caso, diria assim”, acrescentou, considerando que o facto de Luís Montenegro participar à distância “são circunstâncias”.

O comunista antecipou que será “certamente um bom debate, um debate intenso, [de] dois programas profundamente diferentes, duas visões diferentes para o país”.

Raimundo defendeu igualmente que o modelo de debates é “muito condicionado, desde logo pelo tempo” e “não dá para grande profundidade”.

“Eu acho que nós ganhávamos em que houvesse menos pressão e mais tranquilidade para aprofundar as tais diferenças que existem”, sugeriu.

O secretário-geral do PCP, que é estreante nos frente a frente televisivos no âmbito das eleições legislativas, disse estar a aprender, mas disse acreditar que os seus “adversários políticos que têm mais experiência também estão a aprender todos os dias”.