“Não faço parte [do Governo] na medida em que estou com um trabalho muito importante para a Nação. E quando digo muito importante para a Nação pode entender como ser mais importante do que ser membro do Governo”, afirmou, em declarações aos jornalistas à margem de uma conferência na qual interveio ao lado do antigo Presidente da República português Jorge Sampaio.
“Não é um problema de querer ou não querer. Não posso [estar no Governo]”, afirmou Xanana Gusmão, quando questionado se não poderia ceder e vir a fazer parte do executivo timorense.
Xanana Gusmão explicou que em 2014 assumiu as negociações difíceis com a Austrália sobre o dossiê petrolífero (projeto Sunrise) e teve que se afastar.
Contudo, o histórico líder timorense diz que a sociedade tenta “compreender a Constituição ou até onde chegam as competências do Presidente, até onde chega esse princípio de presunção da inocência e até onde chega a capacidade constitucional do Governo”.
O antigo Presidente foi nomeado pelo Governo como representante especial de Timor-Leste para a conclusão do processo de ratificação do tratado com a Austrália e para liderar as negociações para o acordo sobre o desenvolvimento dos poços de petróleo do chamado “Greater Sunrise”.
O atual Presidente timorense, Francisco Guterres Lu-Olo, e o ex-Chefe de Estado e líder da coligação do Governo, Xanana Gusmão, reuniram-se a semana passada, num encontro que não estava previsto.
A reunião decorreu na sequência de meses de tensão política no país, com Xanana Gusmão, que escreveu várias cartas a Lu-Olo, divulgadas depois publicamente, e prestou várias declarações públicas a criticar a decisão do chefe de Estado, de não dar posse a vários nomes propostos para a equipa governamental.
Lu-Olo foi igualmente criticado pela demora em promulgar as contas públicas para 2018.
A questão das nomeações dos ministros está por resolver, com várias pastas ainda sem titulares, sendo que o Governo deverá apresentar ao parlamento, em novembro, o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2019.
Alguns dirigentes políticos receiam que Lu-Olo, que entretanto promulgou o OGE de 2018, possa vetar o de 2019, onde estarão necessariamente inscritos, entre outros gastos, 350 milhões de dólares (303 milhões de euros) para financiar a operação fechada recentemente por Xanana Gusmão, em nome do Governo, de compra da participação de 30% da ConocoPhillips no consórcio dos poços petrolíferos “Greater Sunrise”.
O Governo timorense aprovou em Conselho de Ministros na semana passada uma resolução sobre a operação, que tem ainda de ser aprovada pelo parlamento.
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