O Parlamento ucraniano aprovou hoje a nomeação de Andrii Sibiga como ministro dos Negócios Estrangeiros, substituindo Dmitro Kuleba, cuja demissão já tinha sido ratificada, e que apelou incessantemente aos aliados ocidentais de Kiev para que fornecessem armas ao seu país, tornando-se uma das principais vozes da Ucrânia desde o começo da guerra.

“É crucial que as instituições governamentais funcionem agora da maneira mais ativa possível, em todos os níveis", disse Zelensky, que pediu à nova equipa que desenvolva ainda mais o setor da defesa, faça avançar as negociações sobre o pedido de adesão à União Europeia, vele pela estabilidade financeira da Ucrânia e dê "um apoio crescente à linha de frente", onde as forças de Kiev se encontram sob pressão no leste.

“Há dezenas de tarefas muito específicas deste tipo, e cada um no seu posto deve entregar resultados tangíveis no outono”, acrescentou o presidente ucraniano.

A nomeação de Sibiga como ministro contou com os votos a favor de 258 deputados, mais do que o mínimo de 226 exigido, indicaram alguns parlamentares na aplicação Telegram.

Menos conhecido e menos mediático que o seu antecessor, Sibiga, de 49 anos, é considerado um nome de peso na diplomacia ucraniana e foi embaixador na Turquia de 2016 a 2021. Ele é considerado mais próximo do chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky, Andrii Yermak, do que o seu antecessor.

Ao apresentar a candidatura de Sibiga aos deputados do seu partido, Zelensky "descreveu-o como um especialista em relações internacionais, que esteve com ele no bunker em 2022 [no início da invasão russa] e que depois administrou a sua comunicação internacional", disse à AFP uma fonte do partido presidencial.

De saída, Kuleba, de 43 anos e no cargo há quatro, tem sido uma das personalidades ucranianas mais visíveis desde o início da invasão russa. Desde então, não parou de viajar pelo mundo para pedir apoio diplomático e militar a Kiev, sendo que não compareceu à votação na qual 240 parlamentares aceitaram a sua demissão, segundo vários deputados.

Kuleba apresentou a sua demissão ontem, mas, segundo fontes consultadas pela AFP, a sua saída não foi voluntária, e sim pressionada pela Presidência, que deseja consolidar o seu controlo sobre uma pasta importante.

Zelensky disse ontem que a Ucrânia precisava de "energia nova". Uma fonte do partido presidencial comentou que Kuleba já não estava a ser tão eficaz: "Tem havido queixas sobre ele desde há um ano."

"Concedia entrevistas, expressava-se com eloquência, fazia muitas visitas. Cuidava da sua autopromoção, em vez de melhorar o trabalho das embaixadas e trabalhar sistematicamente nos países para obter o seu apoio. Nos últimos seis meses, já não se ocupava das tarefas que lhe eram atribuídas, apenas escrevia tweets e comentava", descreveu a fonte.

A mudança ocorre num momento tenso para a Ucrânia, que luta para conter o avanço das forças russas no leste do país e com parte das suas tropas concentrada em uma operação na região russa de Kursk.

Outros cinco ministros e vice-primeiros-ministros, além do encarregado de administrar bens do Estado e privatizações, também apresentaram a sua demissão ao Parlamento.