À Reuters um dos participantes na reunião do Comité Central da ZANU-PF (União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica) confirmou a decisão: "Ele foi afastado". "Mnangagwa é o nosso novo líder", acrescentou.
A crise política no Zimbabué foi desencadeada precisamente pela exoneração do vice-presidente Emmerson Mnangagwa, tido como um incondicional do partido no poder (ZANU-PF) e veterano de guerra, previsível sucessor de Mugabe, no poder desde que o país acedeu à independência, em 1980.
O afastamento de Mnangagwa desencadeou um conjunto de reações, culminando com a intervenção militar do exército que tomou o controlo do poder e impediu Mugabe, 93 anos, de continuar a manobrar politicamente para que a sua mulher, Grace, o substituísse na Presidência do país.
Centenas de milhares de zimbabueanos saíram desde então às ruas para protestar contra a decisão e contra a manutenção de Mugabe no poder, ações que culminaram sábado com uma das maiores manifestações de sempre em Harare.
Entretanto, os comandos militares que levaram a cabo a iniciativa vão receber ainda hoje Mugabe na presidência zimbabueana, onde estão instalados.
A decisão tomada na reunião de urgência do Comité Central da ZANU-PF abre, assim, caminho a reintegração de Mnangagwa, que, por sua vez, deverá assumir a liderança de um novo Governo até às eleições gerais de 2018.
Confirmado este cenário, a destituição de Mugabe é o passo seguinte, que terá de ser confirmada pelo Parlamento, medida que o líder parlamentar do maior partido da oposição, o Movimento para as Mudanças Democráticas (MDC), Innocent Gonese, já avançou na casa parlamentar zimbabueana após discutir a questão com a ZANU-PF.
“As conversações de Mugabe com o seu ex-comandante do exército Constantino Chiwenga estão na segunda ronda e as Forças Armadas tudo estão a fazer para evitar uma acusação internacional de golpe de Estado, algo que a União Africana (UA) já veio a público defender que não aceitará.
Fontes oficiais de ambas as partes não têm revelado pormenores sobre as negociações, mas os militares parecem querer defender uma resignação voluntária de Mugabe para manter a legalidade na transição política que, inevitavelmente, se seguirá.
A intransigência de Mugabe em deixar o poder tem sido, referem analistas locais e internacionais, uma forma de o Presidente zimbabueano contar com o apoio da UA e da comunidade internacional para preservar o seu legado como um dos líderes da libertação de África, bem como para proteger-se, tal como a família, de possíveis processos judiciais.
[Notícia atualizada às 12h38]
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