Sporting e Benfica vão encontrar-se para os 16 avos da Taça de Portugal, no Estádio de Alvalade, este sábado, 21 de Novembro. Para os fãs, tanto para os que os ovacionam em campo como para os que acham que jogar em casa é uma vantagem, é melhor desiludirem-se: nada disso está cientificamente comprovado que funcione. Os fãs aos gritos têm pouco impacto no resultado de um jogo, segundo um recente estudo da universidade norte-americana do Nebraska: "gritar insultos ou encorajamentos não tem benefícios ou impactos", sintetizava o Daily Mail.
O estudo foi feito com fãs do hóquei norte-americano, analisando quatro jogos da equipa da University of Nebraska-Omaha no Century Link Centre de Omaha entre Novembro de 2014 e Março deste ano. Como o jogo é feito no interior de um espaço, é mais fácil captar o som. Essa análise sonora aos jogos demonstrou que mais ruído não estava relacionado com uma melhor performance de mais golos pela equipa apoiada. Segundo Brenna Boyd, investigadora responsável pelo estudo, "o jogo mais barulhento ocorreu a 12 de Dezembro e ganhámos por um golo, pelo que penso não haver dados suficientes para saber se o barulho está correlacionado com quantos golos eles conseguiram durante o jogo".
Nos inquéritos dados aos jogadores após os jogos, estes também confirmaram que a assistência era barulhenta mas não os distraía do jogo. E o campo onde se joga, pode ser uma vantagem perante o apoio da audiência? Talvez. Num estudo sobre as equipas inglesas, nos anos 80, a equipa que jogava em casa ganhava, em média, 64% dos pontos. Análises posteriores apontavam que as duas "variáveis" com maior preponderância eram "a familiaridade com o estádio" e "o apoio da multidão". No primeiro caso, ajudava estar mais ajustado à relva ou à iluminação do estádio, se o jogo decorre à noite. Os apoiantes também podem "motivar os jogadores a darem o seu melhor e podem também influenciar as decisões do árbitro, levando a uma propensão para favorecer a equipa da casa". No entanto, este forte apoio pode igualmente pressionar demasiado a equipa da casa, além de que "multidões mal comportadas exercem uma influência negativa sobre o desempenho da equipa de casa", pelo menos segundo alguns estudos sobre o basquetebol - que, mais uma vez, é normalmente jogado no interior de uma sala.
Numa análise a equipas que jogam em campos neutros, o referido estudo da Football Perspectives detecta que "o apoio da multidão não é uma pré-condição necessária para a vantagem em casa", ao contrário do conhecimento do campo onde se joga. Há igualmente uma outra explicação, relacionada com o tempo de viagem da equipa visitante, mas os investigadores dizem ter um "pequeno efeito na vantagem" de jogar em casa. Na Alemanha, uma outra análise de 2008 assertava igualmente que os fãs e os estádios não são responsáveis pelas vitórias no futebol. Andreas Heuer e Oliver Rubner, da universidade alemã de Münster, analisaram 12 mil jogos da Bundesliga entre 1965 e 2007. A diferença de golos revelava uma vantagem nos jogos em casa mas era tão pequena por jogo que não se podia considerar relevante em termos estatísticos.
Mas pode esta pressão dos adeptos ter influência, por exemplo, nos árbitros? Aparentemente, isso pode acontecer. 40 árbitros assistiram a um jogo entre o Liverpool e o Leicester da época de 1998-99, com metade a vê-lo com todo o ambiente sonoro do estádio e a outra metade em silêncio. Os primeiros foram "menos propensos a marcar faltas contra a equipa da casa", relativamente aos que viram o jogo em silêncio. "Esta preferência para a equipa da casa coincidiu com as decisões reais do árbitro" no jogo desse dia, explicava o The Guardian. Segundo os investigadores, "os árbitros tendem a evitar marcar faltas contra a equipa da casa como forma de se protegerem dos níveis de stress adicionais que ocorrem com o antagonizar da multidão". Isto sucede não porque os árbitros queiram fazer o que a multidão pede mas para evitarem "o que iria dirigir a fúria da multidão directamente para eles". "Os psicólogos chamam a isso 'prevenção'" (ou "avoidance", no termo em inglês). Em resumo, no futebol - e perante o terreno, o barulho, os adeptos e os árbitros - ganha quem marca mais golos. De resto, é fácil arranjar desculpas de que o chão está torto quando não se sabe dançar...
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