Chivukuvuku, que falava aos jornalistas em Lisboa antes do início da 4.ª Conferência das Representações Externas da CASA-CE (Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral), considerou “prematuro” um balanço do mandato do Presidente de Angola.

“O que podemos aferir é que há um novo estilo mais aberto, menos formal, um bocado mais próximo do cidadão. No entanto, do ponto de vista substantivo, da vida das populações, da situação do país, não houve ainda nada de relevante”, declarou.

“Pelo contrário, a situação social, sobretudo, continua a agravar-se. Os problemas de pobreza, de saneamento básico, os problemas básicos da energia, água, todos esses agravaram-se. O custo de vida aumentou, o problema de congelamento de salário da função pública não permitiu aguentar a vida normal”, adiantou.

Chivukuvuku defendeu ser preciso “dar algum tempo e o benefício da dúvida ao Presidente para, em tempo próprio (…), fazer avaliações”.

“Não podemos exigir mudança neste curto espaço de tempo, embora do meu ponto de vista podíamos ter dado alguns passos concretos, sobretudo o lançamento da ideia da necessidade da reforma constitucional, o que não está a acontecer”, disse ainda.

Considerando que o estilo do novo presidente “é bom porque descomprime a sociedade”, mas que “a vida das pessoas não mudou” e se que se mantém “as fraquezas do sistema democrático” angolano e “as dificuldades do sistema de direito”, o antigo dirigente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) afirmou que, “(…) substantivamente, nada mudou em Angola”.

Questionado sobre as consequências do acórdão do Tribunal Constitucional Angolano, divulgado no passado dia 18, proibindo que formasse um novo partido político em Angola, Abel Chivukuvuku afirmou: “Sou e continuarei a ser presidente da CASA-CE”.

O Tribunal, que deu provimento a um pedido de esclarecimento de cinco das seis forças da coligação, considerou que as decisões de Abel Chivukuvuku, enquanto presidente da CASA-CE, não podem sobrepor-se aos partidos coligados, como criar formações dentro da coligação, esvaziando também o papel dos chamados “independentes”.

“A CASA-CE manter-se-á estável e manter-se-á funcional apesar do acórdão [que] não foi nem legal, nem respeitou os preceitos constitucionais e, neste momento, a CASA-CE está a fazer recurso. No entanto, internamente nós vamos dialogar, vamos conversar, vamos acertar as agulhas”, disse aos jornalistas.

“A CASA-CE é um instrumento muito importante para a vida democrática do país e temos de nos preparar para o desafio autárquico de 2020 e nos prepararmos para as eleições gerais de 2022″, acrescentou.

A 4.ª Conferência das Representações Externas da CASA-CE, com o tema “Angola, a CASA-CE e os desafios atuais e do futuro e o papel das representações externas”, juntou delegados da coligação de vários países europeus, entre os quais o Reino Unido, Alemanha, França, Holanda e Suíça.