“As negociações da minha transferência para o Leicester foram muito difíceis. Tive de fazer muitas cedências ao Sporting, não vou falar delas, fica entre mim e o clube, mas quero deixar claro que tive de abdicar de coisas para que as negociações pudessem seguir em frente”, revelou o ex-capitão do Sporting, em entrevista ao canal de televisão pública.
A revolta foi tanta que Adrien teve “muita vontade de falar sobre a injustiça” que sentiu, mas revelou que houve pessoas que o acalmaram e o aconselharam a “deixar passar o tempo da dor para poder falar de forma mais calma e menos agressiva”, conselho que diz ter seguido em boa hora.
É o próprio Adrien que destaca a dificuldade de estar semanas a fio sem poder exercer a profissão e aquilo de que mais gosta de fazer, que é jogar futebol, mas garante que vai “sair mais forte” desta situação por que passou.
“Senti uma grande desilusão com tudo o que se passou, pelo qual não fui responsável, mas sou o grande prejudicado. As negociações decorreram muito em cima da hora, no último dia das inscrições, porque o Leicester estava a vender um jogador, Drinkwater, ao Chelsea, e enquanto essa transferência não se concretizasse, a minha não se podia fechar”, lamentou Adrien, para quem o Sporting também não estava muito disposto a perdê-lo, “o que é compreensível”.
No meio de tanta desilusão, a seleção parece a ‘menina dos olhos’ de Adrien: “Fernando Santos disse-me para estar tranquilo e preparar-me da melhor forma quando chegar a janeiro. Se estou a pensar ir ao Mundial? Claro que estou! É uma coisa que está na minha cabeça a toda a hora e vou trabalhar para que esteja na melhor condição quando chegar a altura do Mundial”.
Em relação à experiência que viveu em Leicester até ao momento, conta ter sido muito bem recebido pelos elementos da estrutura diretiva, pelos colegas e, sobretudo, pelo novo treinador, Claude Puel, que se mostrou sensibilizado com a sua situação e percebeu que está a passar por um “momento intenso, um turbilhão de emoções, que faz com que uma pessoa se irrite com mais facilidade”.
“Não podia treinar com os meus companheiros nas primeiras três semanas, treinava com o meu irmão, e só ao fim desse tempo é que integrei os trabalhos normais com a equipa. No entanto, tenho sempre de fazer um trabalho extra após os treinos para compensar a falta de competição”, revelou Adrien, cuja motivação, apesar de tudo, garante estar alta, para que possa responder da melhor forma quando chegar o momento de regressar à competição ‘a doer’.
Finalmente, abordou a sua “emocionante despedida” do Sporting, ao confessar que nunca duvidou que seria assim porque “os adeptos nunca esquecem o que os jogadores deixam em campo”.
“Passei metade da vida naquele clube, entrei com o Paulinho [roupeiro], o Sporting foi sempre a minha casa e espero acabar lá a minha carreira de futebolista ou vir a desempenhar outras funções dentro do clube”, confessou Adrien, que elogiou Jorge Jesus, responsável pela braçadeira de capitão que passou a envergar, e recordou o primeiro ano da chegada do treinador ao Sporting, um “ano perfeito que só por milagre” não encerrou com o título.
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