"Como artista, não sou obrigado a nada, mas é claro que me uno às desculpas da Liga [que gere a 1ª divisão italiana] àqueles que ofendi", disse Simone Fugazzotto, que tem várias obras estampadas com desenhos de macacos, ao jornal La Repubblica.
Na terça-feira passada, o responsável pela Liga, Luigi De Servio, pediu desculpas pela ilustração utilizada na campanha.
Fugazzotto explicou que a sua intenção, ao representar os humanos como macacos, era de que o seu trabalho se tornasse numa "ferramenta de defesa", numa época em que os estádios italianos são palco de incidentes racistas, muitos dos quais promovidos por adeptos que chamam os jogadores negros de "macacos".
O artista explicou que ele próprio testemunhou este tipo de incidentes nos estádios, bem como o lançamento de bananas na direção de jogadores negros. Anteriormente, Fugazzotto já tinha referido que o seu trabalho pretendia mostrar que todos os seres humanos são “criaturas fascinantes e complexas que podem ser felizes ou tristes, católicos, muçulmanos, budistas, mas, no final, são as ações que determinam quem nós somos, não a cor da pele”.
“Pintei macacos como uma metáfora para os seres humanos. Viramos o conceito contra os racistas, somos todos macacos originalmente. Portanto, pintei um macaco ocidental, um macaco asiático e um macaco negro”, explicou, acrescentando que inicialmente queria que as suas pinturas fossem acompanhadas pela inscrição Somos todos macacos.
O médio escocês Liam Henderson, jogador do Verona, considerou a campanha "estúpida e inadequada".
Henderson testemunhou atos racistas quando adeptos do seu clube chamaram macaco a Mario Balotelli, avançado do Brescia.
"Nunca tinha visto algo assim", disse o jogador de 23 anos sobre os insultos contra Balotelli.
No entanto, também ficou surpreendido com a campanha de Simoe Fugazzotto. "Acho estúpida e inapropriada", disse. "Mas não se pode acusar só Itália, isto acontece em todo o lado. É uma pequena minoria. As pessoas que gritam insultos racistas são estúpidas, não têm educação. É importante educar essas pessoas porque é inaceitável, é triste ver isto em 2019", concluiu Henderson.
Comentários