Tratava-se um negócio de licenciamento da marca Benfica e “as coisas falharam” a partir do momento em que os e-mails foram divulgados, disse Bernardo Carvalho, que falava perante o juiz Paulo Duarte Teixeira, do Tribunal Central Cível do Porto, no segundo dia de julgamento da ação em que o clube lisboeta reclama 17,7 milhões de indemnização a empresas e figuras do universo do FC Porto pela divulgação de e-mails internos benfiquistas.
Também chamado a depor hoje, o presidente da Assembleia Geral 'encarnada', Luís Nazaré, destacou o “grande sentimento de devassa” sentido pelos sócios.
Num julgamento iniciado na quinta-feira, o primeiro testemunho foi o do diretor de comunicação do Benfica, Luís Bernardo, para quem o FC Porto quis associar os ‘encarnados’ a um "polvo como o Apito Dourado", ao divulgar e-mails internos do clube lisboeta.
O diretor de comunicação disse que a divulgação dos e-mails confidenciais, "de forma programada", obedeceu a uma "estratégia de desgaste" do Benfica, apoiada numa divulgação no Porto Canal, "sem contraditório", de e-mails “truncados e descontextualizados”.
Também na quinta-feira, o atual treinador do Benfica B, Renato Paiva, disse que a divulgação de alguns e-mails com “informação privilegiada” sobre aspetos técnicos “fragilizou a coesão do balneário”.
Já o diretor comercial e de marketing do Benfica, Miguel Bento, disse, entre outras alusões a prejuízos alegadamente causados ao modelo de negócios pela difusão dos e-mails confidenciais, que “deixou de ser feito” um negócio “de 500 mil euros, para três ou cinco anos", com empresa de serviços.
No processo em que é autora, a Sociedade Anónima Desportiva Sport Lisboa e Benfica – Futebol corresponsabiliza por “danos de imagem” causados pela divulgação dos emails a homóloga do FC Porto, o presidente da SAD e do clube, Pinto da Costa, os administradores Fernando Gomes e Adelino Caldeira e o diretor de comunicação, Francisco J. Marques, além da FCP Média, empresa detentora da estação televisiva Porto Canal.
O Benfica alega que a divulgação dos emails lhe afetou a credibilidade, prejudicando os seus interesses comerciais e chegando a provocar a queda de cotação das ações da Sociedade Anónima Desportiva.
Já o FC Porto invoca que se limitou a divulgar informação de interesse público e alega que o correio eletrónico divulgado revela práticas deturpadoras da verdade desportiva.
Numa audiência prévia realizada em 20 de novembro do ano passado, em que se fixou o valor da causa, foi também admitida a reconvenção deduzida pela ré, pedindo uma indemnização cujo valor não foi divulgado.
O julgamento prossegue nos dias 28 e 29 de março. Na manhã do primeiro destes dias serão ouvidas ainda testemunhas do Benfica, segundo fonte oficial do clube, seguindo-se as arroladas pelo FC Porto.
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