Ofuscado pela crise no rival tricolor, o Corinthians acumulou dois péssimos resultados contra equipas de muito menor investimento e que devem brigar nas últimas posições da tabela. Na semana passada, perdeu para o fraco Sport e o contra-ataque de Jair Ventura; ontem, novamente em casa, empatou com o Atlético Goianiense, que tem vindo a surpreender no Campeonato, mas é o clube com o plantel menos valioso, segundo dados do Transfermarkt.
A jogar em casa, chegou a ser dominado pelo rival em determinados momentos da partida. Finalizou menos e esteve mais perto de perder do que ganhar, na partida que terminou num 0-0. Hoje, está a dois pontos da zona final da tabela de classificação, com apenas 3 vitórias.
Com uma folha salarial apontada bastante alta para os padrões brasileiros, o Corinthians tem uma equipa fraca. Tem carências em posições importantes, jogadores caros rendendo pouco (caso, principalmente, de Luan) e está longe de algum padrão tático em campo.
Tal como o rival São Paulo, também tem eleições no fim do ano, o que dificulta a contratação de um substituto para o cargo de treinador, após a demissão de Tiago Nunes. Tiago havia sido contratado em janeiro, junto ao Athlético-PR, depois de ser considerado o treinador revelação do último ano. Vinha com a missão de mudar a cultura recente de jogo do Corinthians, visando um jogo mais propositivo e vistoso. Nunca conseguiu, por falhas próprias e por falta de mão-de-obra.
Agora o seu ex-adjunto, Coelho, tem a dura missão de ganhar os pontos necessários para afastar o fantasma de uma nova relegação, apesar de, por enquanto, ninguém levar a sério essa possibilidade.
Num campeonato nivelado por baixo e prejudicado pelo acumular de jogos causados pelas mudanças de calendário, estar nas últimas posições no terço final da competição, com a pressão de um grande clube com o Corinthians, pode ser fatal. É como areia movediça e uma camisola pesada como a dos paulistanos tende a ter mais dificuldade de sair da crise.
Olhando para os jogadores, apesar da experiência de Cássio, Gil e Fágner, o setor ofensivo é muito limitado. Depender de Mosquito, Léo Natel, Vital, Everaldo e companhia é muito pouco para uma equipa acostumada a melhores dias. Jô fica sem companhia para jogar e a criação é muito pobre. Ainda por cima, após a deceção com Luan, o clube insiste em apostar em “refugos” dos adversários, como Otero e Cazares, ex-Atlético-MG.
Sem dinheiro, sem treinador, com plantel limitado e sem adeptos e claques. O Corinthians viverá do peso da camisola para vencer alguns jogos e torcer para que as equipas piores não embalem, como Coritiba, Goiás e Botafogo. Entretanto, outros candidatos à descida de divisão, como Sport, Atlético-GO e Fluminense, já acumularam uma certa gordura que poderá dar tranquilidade e outros como Bahia e Bragantino tem condições de, em campo, voltar a crescer e somar pontos para escapar da degola.
A sombra da confusão vergonhosa entre Flamengo e Palmeiras e das deceções constantes do São Paulo, que apesar de tudo ainda está em terceiro, aliviou a pressão sobre o Corinthians nessa semana, mas talvez fosse melhor “cair na real” o quanto antes e criar o senso de urgência necessário para mudar as coisas e mudar a rota descendente.
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