LA LIGA – REAL BÉTIS
Posição em 16/17: 15º
Posição em 17/18: 5º
Golos Marcados/Golos Sofridos: 52/53
Treinador: Quique Setién (Espanhol)
Jogador Estrela: Sérgio León (Espanhol)
O que este Bétis de Quique Setién está a fazer esta época é surpreendente. A sete jornadas do final da temporada, ocupa o 5º lugar, e, caso o mantenha, apura-se para a Liga Europa, algo que não acontece desde 2013.
Mas o que tem de especial esta formação sevilhana que está a 3 pontos do seu rival de sempre, o Sevilha? O colectivo. A forma como Setién montou este Bétis, todo ele em torno de um trabalho de equipa, sem impor as individualidades como factor decisivo.
Na maioria dos jogos que disputaram, em especial na atual sequência de quatro vitórias consecutivas, foi notório que o Bétis “mandou” no meio-campo, gerindo a posse de bola com cuidado e classe. O ataque é pensado, sem assumir riscos desnecessários, olhando para o último terço do terreno com calma e inteligência. Os 52 golos marcados (quinto melhor ataque da linha espanhola, à frente, por exemplo, do Atlético de Madrid) são resultado de um futebol objetivo e determinado que Setién impôs desde o 1º dia.
Todavia, ajudou o facto de terem chegado alguns reforços que deram outra dimensão ao clube como Sérgio León (é o goleador da equipa, com 13 golos em 30 jogos), Andrés Guardado, Ryad Boudebouz ou Marc Batra (emprestado pelo Dortmund, o central tem sido uma peça influente no eixo defensivo do Bétis). Assim como vale a pena mencionar ainda outros reforços mais conhecidos dos adeptos portugueses que têm tido a sua quota parte neste sucesso: Javi Garcia, Cristian Tello e Joel Campbell. O costa-riquenho é o que tem tido menos minutos, mas Garcia e Tello são dois dos atletas com mais minutos nas pernas.
O que vale a pergunta: até onde pode ir este Bétis? Esta época... até ao 5º lugar — já que os quatro lugares cimeiros estão ocupados pelos suspeitos do costume e são já uma miragem. No que falta disputar de campeonato, o Bétis tem o clássico dos clássicos em casa… ou seja, encontro com o Sevilha na penúltima jornada.
Com Adán a esticar-se entre os postes, Joaquin a espalhar a classe nas alas e León a fazer os golos necessários, o Bétis atravessa um dos melhores períodos no século XXI.
LIGUE 1 – MONTPELLIER FC
Posição em 16/17: 15º
Posição em 17/18: 6º
Golos Marcados/Golos Sofridos: 31/26
Treinador: Michael der Zakarian (Arménio)
Jogador Estrela: Giovanni Sio (Costa-Marfinense)
Depois de duas temporadas na luta entre a descida de divisão e a manutenção, mas longe da Europa, o Montpellier, este ano, parece estar perto de fazer o brilharete. O 6º lugar, a um ponto do 5º — ocupado pelo Rennes —, pode ser quase entendido como uma revolução, pois na temporada passada o 15º lugar levou a uma séria ponderação em relação aos objetivos do clube mediterrânico.
A chegada de der Zakarian, a 23 de maio de 2017, foi o catalisador para mudar a direção que o clube estava a levar. O que levanta a questão: quem é este Michael der Zakarian? Internacional arménio, jogou pelo Montpellier durante 10 anos para depois abraçar a carreira de treinador, tendo esta começado ao comando das equipas C e B do clube.
O regresso em 2017 ao clube (após uma longa estadia no Nantes e uma mais curta no Reims) do sul de França, coincidiu com as saídas de alguns jogadores mais influentes das últimas épocas: Steve Mounié (custou 13 milhões de euros aos cofres dos ingleses do Huddersfield) e Ryad Boudebouz (já falámos dele no Bétis, tendo custado aos sevilhanos 7 milhões de euros).
Todavia, a direção dos La Paillade não defraudou as expectativas do novo treinador e reforçaram-se com várias caras novas que na sua maioria entraram para o onze titular: O guarda-redes Benjamin Lecomte; o lateral uruguaio, Ruben Aguilar e o central português, Pedro Mendes, para a defesa; Junior Sambia como trinco; Giovanni Sio e Jonathan Ikoné chegaram para o ataque.
Ikoné, emprestado pelo PSG, é um daqueles jovens vibrantes que põe os adeptos a delirar, já que é munido de um talento especial com a bola nos pés. De seguida, há que destacar Junior Sambia, um médio defensivo que se tem revelado preponderante na liderança a meio-campo, assumindo-se como um jogador fundamental para aguentar os ataques das equipas adversárias. E, na baliza, Lecomte, aos 26 anos, parece estar a caminhar para a sua melhor forma, não tendo sofrido golos em 12 jogos na temporada atual.
Contudo, diga-se que o Montpellier não é uma equipa goleadora, como provam os 31 golos marcados até ao momento (sexto pior ataque da liga, mas a segunda melhor defesa), optando mais por estratégias de contra-ataque, vitórias pela margem mínima (sete jogos em que ganharam por um golo de diferença) e um total cinismo e frieza na forma como abordam os jogos fora de casa.
O sentido de risco quase que não existe e esse é um dos segredos de Der Zakarian, apostando desta forma em “congelar” o jogo em posse, reduzir as oportunidades do adversário, não cedendo a bola de qualquer forma.
BUNDESLIGA – SCHALKE 04
Posição em 16/17: 10º
Posição em 17/18: 2º
Golos Marcados/Golos Sofridos: 45/33
Treinador: Domenico Tedesco (Italiano)
Jogador Estrela: Leon Goretzka (Alemão)
A Bundesliga tem sido um campeonato para treinadores (muito) jovens surgirem no futebol profissional, abrindo caminho para novas coqueluches. Julian Nagelsmann é um deles, mas agora há outro que está a tomar a Alemanha de assalto: Domenico Tedesco.
Com 32 anos, o italiano que tem uma Mestrado em Innovation Management, assumiu o lugar de treinador do Schalke 04 e tem guiado o clube na direção certa. O inesperado 2º lugar, a cinco jornadas do fim da Bundesliga 2017/2018, demonstra que a tenra idade não significa falta de calo nos grandes momentos.
É verdade que perdeu com o Bayern de Munique nas duas voltas, mas ainda não cedeu qualquer derrota ante Dortmund ou Leverkusen, os adversários diretos pelo 2º lugar que garante uma entrada na Liga dos Campeões sem necessidade de ir ao playoff.
Os “mineiros” estão a alterar o rumo dos acontecimentos da temporada passada, já que terminaram em 10º lugar muito longe das pretensões da direcção do clube, com um futebol muito pobre e sem a execução exigida pelos exigentes adeptos da equipa de Gelsenkirchen.
O potencial estava lá todo, com Guido Burgstaller, Franco Di Santo, Max Meyer (o médio-centro “cresceu”, evidenciando uma perspicácia no encontro de soluções e na gestão de jogo) Naldo (35 anos mas continua a ser um gigante no eixo defensivo) ou Leon Goretzka (o camisola 8 já tem contrato assinado com o Bayern, o que prova a sua imensa qualidade) a serem alguns dos nomes fortes do plantel.
Tedesco pegou nesta matéria-prima, moldou-a e deu-lhe um propósito, metendo o Schalke 04 no caminho certo para garantir um lugar na Europa em 2018/2019.
Não têm um futebol espetacular como outrora, onde o domínio ofensivo fazia “tremer” os seus rivais, apostando agora numa defesa totalmente apetrechada e “dura”, num meio-campo rápido e lógico, que assenta num ataque eficaz em que todos participam (dos 23 atletas que fazem parte do plantel, já houve 12 marcadores diferentes, com destaque para a veia goleadora do central Naldo).
LIGA NOS – PORTIMONENSE SC
Posição em 16/17: 1º na Ledman Liga Pro
Posição em 17/18: 10º
Golos Marcados/Golos Sofridos: 45/51
Treinador: Vítor Oliveira (Português)
Jogador Estrela: Shoya Nakajima (Japonês)
O Portimonense subiu este ano para a Liga NOS e é claramente a surpresa em Portugal. Conseguiram, até agora, manter-se longe da luta pela manutenção, estando com mais 10 pontos que primeira equipa acima da linha de água.
Antes de qualquer análise à equipa, referir o papel de Vítor Oliveira. O experiente timoneiro, contrariou todas as expectativas ao ficar em Portimão, já que nos últimos 5 anos tinha subido 5 equipas diferentes, ou seja, subia uma equipa e de lá saía. Mas bom, o projeto da equipa algarvia foi aliciante o suficiente e resta dizer que a Primeira Liga lhe assenta bem.
Normalmente, quando uma equipa sobe de divisão promovem-se várias alterações no plantel, tentando contratar jogadores de maior qualidade, com mais experiência dessa Liga, como foi, por exemplo, o caso do Aves. Contrariando esta norma, Oliveira e a direção decidiram manter o núcleo duro da equipa ao máximo, contratando apenas para limar um ou outro aspeto mais relevante.
Dessa equipa que transitou do ano passado, temos que realçar a experiência de Ricardo Pessoa, a segurança de Pedro Sá à frente da defesa, a qualidade de Paulinho (que, entretanto, já saiu para o FC Porto) ou ainda, a magia de Fabrício, o máximo goleador dos alvinegros.
Não obstante, a grande surpresa do campeonato, foi um reforço que veio do Penafiel: é ele Nakajima. O japonês, munido de um drible e velocidade incríveis, destaca-se por dar das maiores dores de cabeça aos defesas desta Liga. Mencionar também o nome de Ruben Fernandes que chegou este ano e tem sido fulcral na defesa.
Em janeiro, o mestre de 63 anos, perdeu algumas peças importantes do seu quadro, mas foi recompensado com outras que, apesar de não terem a mesma qualidade, vão, a espaços, tentando fazer o seu papel e ganhar o seu espaço.
Os Guerreiros do Sul prometem com um ataque rapidíssimo e desconcertante, pelos pés de Nakajima e Fabrício, principalmente. Este ataque é ajudado por um meio-campo muito lutador na recuperação da bola e muito rápido e assertivo na decisão da transição ofensiva.
Aludir, ainda, para o facto de serem o 5º melhor ataque, o que demonstra bem a capacidade ofensiva que acima referimos.
Referir também que a última vez que o Portimonense esteve a meio da tabela remonta a 1985/86 quando terminou em 7º. E tendo em conta que estão a 2 pontos desse lugar, faltando 5 jogos, Vítor Oliveira pode continuar na sua senda de bater recordes e ficar na história.
PREMIER LEAGUE – BURNLEY FC
Posição em 16/17: 16º
Posição em 17/18: 7º
Golos Marcados/Golos Sofridos: 31/28
Treinador: Sean Dyche (Inglês)
Jogador Estrela: Jeff Hendrick
O Burnley é a revelação da Premier League deste ano. Depois de um modesto 16º lugar na temporada que passou, o atual 7º lugar, logo atrás dos Big-6, tem que ser reconhecido e elogiado.
Não só pelo seu lugar na classificação, mas pela maneira como conseguiram lá chegar, isto é, têm um plantel curto e de pequeno valor, resultando no ditado: “Fazer muito, com pouco”. Este grande feito só é possível através da grande união e capacidade de resistência às adversidades, tendo uma mentalidade muito lutadora.
Referir que os números dos Clarets não são muito atrativos à primeira vista, mas é importante mencionar que são a 4ª melhor defesa do campeonato inglês, estando à frente de Liverpool, Chelsea e Arsenal.
Por outro lado, o processo ofensivo que Sean Dyche implantou não é demolidor e, por conseguinte, não são uma equipa controladora. Estes números, mostram-nos que preferem dar a bola ao adversário e que, aproveitam da melhor maneira as transições ofensivas, com eficácia.
A contribuir para isto, o Burnley conta com Ben Mee, que antes de se lesionar, era peça fulcral no centro da defesa. No meio-campo defensivo, há que destacar Steven Defour (ex-Porto) e Jack Cork, que dão bastante ajuda em organização defensiva e principalmente na transição ofensiva, com a qualidade do passe.
Num lugar mais adiantado no terreno, Jeff Hendrick tem sido fundamental. Se o destaque não pode ir para alguém que marque muitos golos, então que vá para alguém que organiza a equipa da melhor maneira possível. Seria uma escolha mais sensata se esta fosse uma equipa que tivesse muito a bola, mas a escolha continua a fazer todo o sentido, devido ao apoio que dá aos avançados e como os mete a jogar.
Pelas alas, Gudmundsson também tem sido importante pelos desequilíbrios que provoca nas defesas adversárias. As chegadas de Lennon e N’Koudou (em janeiro por empréstimo) trouxeram mais variedade e opções a Dyche. Pelo meio, Wood também tem sido crucial, sendo o melhor marcador da equipa, com 8 golos.
Aludir para o facto de o Burnley ter o 7º lugar praticamente assegurado. Está a 5 pontos do Arsenal, mas o objetivo não passará por fazer um esforço final e tentar ultrapassá-los. Passará sim, por manterem-se nesta posição, o que parece bem exequível, estando a 9 pontos do Leicester.
Por fim: quem é que nos esquecemos para além do super Frankfurt, o “clássico” Rennes ou do explosivo Valência?
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