O pinho da Sibéria impôs-se como a espécie mais comum nos velódromos construídos nos últimos anos. Em parte também porque a afzelia, uma madeira exótica presente nas florestas do Camarões e muita usada no passado - em Paris-Bercy e em Bordeaux, principalmente -, se tornou inacessível devido a restrições ambientais. No Rio, a pista do Velódromo Olímpico do Rio, de 250 metros de comprimento e 7 metros de largura, não foi excepção à tendência dos últimos anos de usar madeira russa.
"É necessária uma madeira muito dura e resistente", explica Guillaume Schwab, responsável por equipamentos desportivos na Federação Francesa de Ciclismo. "O problema vem da higrometria, muito forte no Brasil. A madeira vai inchar e ganhar volume", acrescenta.
Na instalação, um curto espaço - cerca de um milímetro e dificilmente visível a olho nu - foi deixado entre as lâminas para que a madeira, colocada sem qualquer verniz, pudesse respirar.
Como lasanhas
Durante as competições, um ou dois carpinteiros estão a postos para tomar conta da pista, ou "para fazer um curativo", como se costuma dizer. "Em caso de cicatriz, é preciso fazer um micropolimento", descreve Schwab, lembrando que o principal inimigo é a água.
O responsável pela pista do Rio foi o arquiteto alemão Ralph Schurmann, herdeiro de uma família especializada na construção de velódromos - o seu pai e o seu avô o precederam. Tal como aconteceu em Pequim, nos Jogos de 2008, este arquitecto optou pelo pinho da Sibéria, em detrimento da madeira laminada, revestimento que se tornou cada vez mais uma tendência devido à sua facilidade de uso.
"Para a madeira laminada, fazemos como uma lasanha: uma camada de madeira, uma camada adesiva", ensina Gilles Peruzzi, responsável pelo setor pista da União Ciclista Internacional (UCI). "Mas, para o pinho da Sibéria, não é óbvio encontrar peças de seis metros de comprimento, troncos longos com nervuras estreitas", acrescentou. A pista de Anadia (Portugal) e, sobretudo, Aguascalientes (México) - a pista dos milagres, onde vários recordes mundiais foram batidos - escolheram a madeira laminada. Mas o pinho da Sibéria, que também é usado no Velódromo Nacional francês em Saint-Quentin-en-Yvelines, resiste.
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