A Liga NOS terminou com o título do FC Porto ainda antes do clube do Norte jogar a penúltima jornada. Depois de uma última jornada surpreendente, o Benfica terminou no segundo lugar e o Sporting no terceiro. Para além dos três crónicos candidatos, Braga e Rio Ave foram as equipas que apresentaram melhor futebol em Portugal. Essa qualidade traduziu-se num quarto e quinto lugar, respetivamente.
Com o fim de mais um ano da Liga NOS, o Fair Play apresenta o seu melhor 11 deste campeonato. Optamos pela tática 4-4-2 por ser a utilizada pelo campeão. Para além dos 11 escolhidos apresentamos ainda o melhor treinador e um par de suplentes de luxo! Descobre abaixo a nossa opinião e partilha connosco a tua!
Melhor 11
Treinador: Sérgio Conceição
Suplente(s) de luxo: Ricardo Horta/Paulinho (SC Braga)
Guarda-redes
O guardião leiriense há muito que deixou críticos e admiradores rendidos à sua qualidade futebolística, nesse sentido, não espanta a nomeação de Rui Patrício como o melhor guarda-redes da temporada 2017/2018.
Os mais esquecidos podem focar-se unicamente no lance infeliz do keeper na última jornada do campeonato, no entanto, ao longo dos restantes 33 jogos Rui Patrício foi invariavelmente a última e inviolável barreira defensiva leonina.
Em toda a prova, o guarda-redes de 30 anos não sofreu qualquer tento em metade das partidas disputadas, protagonizando inúmeras paradas de encher o olho e mantendo o leão muitas vezes na luta pela vitória. Indubitavelmente o melhor guarda-redes nacional, Rui Patrício merece um lugar de destaque na galeria dos notáveis da temporada que agora finda.
Defesa
É notória a predominância de jogadores do FC Porto na linha defensiva. Isso é coincidente com o melhor registo da Liga NOS. O FC sofreu apenas 18 golos em 34 jogos e foi a defesa mais consistente do campeonato. A defesa foi, por isso, o maior pilar do título conseguido pelos Dragões. A equipa de Sérgio Conceição defendeu muito bem e consegue, por isso, três dos quatro lugares possíveis neste quarteto.
Ricardo Pereira foi um dos destaques do campeonato. O lateral português (convocado por Fernando Santos para o Mundial) foi uma flecha no corredor direito azul e branco. Sempre disponível para atacar e defender, ficaram famosas as suas "piscinas" na faixa direita. Defensor incansável, nunca deixou de ser um lateral ofensivo.
Marcano é, talvez, o melhor central a atuar em Portugal. Pilar da defesa portista, o espanhol espelha a calma e simplicidade que um defesa-central deve ter. Ao lado do impetuoso Felipe, Marcano resolveu a maioria dos problemas para a baliza do Porto. Foi o patrão da defesa azul e branca e é também o patrão da defesa deste 11.
Rúben Dias é uma das grandes revelações desta Liga NOS. O central do Benfica fez uma época de estreia de muito bom nível, o que lhe valeu a chamada ao Mundial da Rússia. Faz da agressividade e poder físico as suas maiores armas, e tem uma margem de progressão enorme. Numa defesa algo instável, como foi a encarnada, Rúben Dias sobressaiu como um poço de energia.
Por fim, Alex Telles, um dos obreiros do título do FC Porto. O lateral-esquerdo dos dragões foi o rei das assistências: 13 passes para golo, muitos deles de bolas paradas. O brasileiro assumiu livres e cantos e é, com alguma vantagem, o melhor executante a atuar na Liga NOS. Sérgio Conceição tirou partido disso, mas não só. Telles é ótimo a cruzar e foi perigoso durante toda a época nas combinações com os avançados. Uma arma crucial na caminhada para o título.
Meio-campo
A qualidade futebolística na época 17/18 não abundou. No entanto, será impossível não rever qualidade em vários intérpretes que pisaram os relvados da Liga NOS. E a verdade é que o meio-campo é o local onde mais abunda essa qualidade. Num sistema de 4x4x2, as escolhas para "miolo" da época recaem sobre Ricardo Esgaio, Ljubomir Fejsa, Bruno Fernandes e Brahimi.
Ricardo Esgaio compete com jogadores como Ricardo Horta e Gelson, mas foi o antigo lateral do Sporting CP que mais evoluiu esta época, demonstrando a sua capacidade enquanto criador de jogo, bem patente nas 10 assistências para golo, às quais junto 4 tentos, em 29 jogos.
Fejsa quebrou o “hábito” de ser campeão todos os anos pelo seu clube, mas não foi por ele que o SL Benfica teve uma temporada paupérrima. O médio-defensivo foi um autêntico polvo no meio-campo encarnado e Rui Vitória deve-lhe muito no processo de colmatar as mais que evidentes lacunas do processo defensivo coletivo das águias.
Bruno Fernandes foi a contratação da época e, a par com Jonas, o melhor jogador da Liga. Dotado de uma inteligência muito acima da média e uma meia-distância invejável, os 8,5 milhões de euros pagos pelo Sporting CP foram muito bem empregues. Apenas Herrera poderia rivalizar com Bruno na luta pela posição de médio-centro, mas o jovem português pareceu sempre mais jogador.
Brahimi foi o grande motor criativo do FC Porto e o mágico de serviço para resolver jogos complicados. O extremo argelino tem enormes deficiências a jogar em equipa, mas não deixa de ter muito futebol nos pés. A segunda volta foi menos bem conseguida, mas Brahimi teve finalmente uma época ao seu mais alto nível.
Ataque
À primeira vista, poderá existir alguma surpresa por neste lote não constar nenhum dos artilheiros do campeão nacional. Contudo, a preponderância que Jonas e Bas Dost tiveram nas suas equipas acaba por explicar a sua seleção para o onze ideal.
Começando por Jonas, que a gíria diz que é "como o vinho do Porto", quanto mais velho melhor. Os números do brasileiro falam por si, mas não chegam para dizer o tanto que, para além de jogar, faz jogar a equipa. Incontestavelmente o avançado mais importante dos encarnados nos últimos anos, possivelmente o melhor do campeonato desde que cá chegou. O brasileiro foi o ganha-pão daquilo que de positivo se foi conseguindo da época desastrosa do Benfica. Na temporada de maior revolução tática, com o desaparecimento de um apoio fixo à sua frente, questionava-se se o artilheiro daria conta do recado sozinho. Em pouco tempo, Jonas fez perceber que estaria ali ele e mais dez, fosse no sistema que o treinador preferisse. Continua a recuar para ajudar na construção, sem descurar a zona onde deve manter-se para chegar a tempo de finalizar. Foi na pior altura que Jonas se lesionou, precisamente no embate decisivo em que os encarnados defrontaram o rival Porto. Termina a temporada com o mesmo número de golos do Bota de Ouro, Lionel Messi e, se o corpo continuar a aguentar, será certamente a arma principal para fornecer mais 30 golos à equipa em 18/19.
Depois, Bas Dost, o verdadeiro "animal" de área do campeonato português. Quem conhece Jorge Jesus sabe como é fundamental no seu sistema um ponta de lança fixo, uma referência que permita tabelas, segurar nos centrais adversários, impor-se nas alturas perante as ofertas resultantes da vertigem nas alas. O único problema desta temporada foi a ligeira mudança de sistema de Jesus, que colocou Gelson (extremo vertiginoso) a jogar mais por dentro e assim próximo de Bas Dost. A introdução de algum pragmatismo na nova ideia do técnico acabou por prejudicar algum rendimento da sua bolsa de golos. Com um jogo mais interior, com os pupilos de Jesus a tentarem romper linhas pelo corredor central, Bas Dost viu-se mais condicionado nas ações ofensivas. Se antes era comum corresponder aos cruzamentos onde partia em vantagem para atacar a baliza de frente, o novo sistema obrigava a uma maior capacidade de atacar a profundidade, fazendo diagonais nas costas dos centrais. Ainda assim, o gigante matador conseguiu terminar a temporada com 27 golos marcados.
Treinador
O milagre desportivo azul e branco a que assistimos na presente temporada tem um único responsável máximo: Sérgio Conceição. Contrariamente ao habitual nas hostes do Dragão, o protagonismo de Jorge Nuno Pinto da Costa desvaneceu-se perante os méritos do técnico português que, contra variadíssimas previsões, foi capaz de recuperar jogadores, formar um coletivo e, sobretudo, alimentar uma cidade e um clube sedentos de vitórias.
Desde o início Sérgio Conceição quis marcar a diferença, no discurso, na dinâmica de equipa e até na forma como olhava para os jogadores, muitos deles condenados a priori pela massa azul e branca. Sérgio Conceição liderou o FC Porto a um título tão desejado, como merecido, pela superioridade mental, pelo domínio futebolístico e, fundamentalmente, pelo “estofo de campeão” capaz de levar a equipa azul e branca a vencer em pleno Estádio da Luz a apenas 5 jornadas do fim, quando já corria atrás do rival lisboeta.
Suplente(s) de luxo
Com um 11 composto apenas por 10 jogadores dos 3 grandes, neste “banco” temos o complemento ao único fora. O “duo maravilha” do Sporting de Braga é o escolhido como suplente de luxo. Ricardo Horta e Paulinho animaram os jogos na Pedreira e proporcionaram um dos melhores futebóis da Liga NOS. As estrelas de Abel somaram 24 golos e uma dinâmica fundamental para o futebol de qualidade do Braga.
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