Futebol Gaélico. Futebol quê...?, perguntará o leitor, mais habituado a ver e falar de futebol. Futebol, tal como o conhecemos, ponto.
Pois fique sabendo, se por acaso ainda não sabe, que há outros futebóis, para além daquele que diariamente entra pelos nossos olhos e ouvidos dentro.
Como adepto e espetador talvez já tenha desviado atenções, pelo menos uma vez por ano, para o futebol americano. Há o futebol australiano, um jogo que bebeu inspiração no râguebi, que, provavelmente, chega a um conhecimento reduzido dos amantes do desporto. E poucos, decerto, devem ser aqueles que sabem da existência, ou viram ao vivo e a cores, o futebol Fiorentino (Calcio Storico Fiorentino), o futebol medieval de Florença, um futebol para homens de barba rija que é quase uma aproximação às lutas ao estilo MMA. Estas são três derivações e denominações de futebol que não reúnem conhecimento generalizado. Mas há mais.
Pois bem, o dia de S. Patrick (Saint Patrick’s Day – Dia de São Patrício), celebrado ontem, 17 de março, dia do padroeiro da Irlanda e dia de festa nacional irlandesa, foi o dia escolhido para as tais celebrações, em Lisboa, ao redor do futebol gaélico. O tal.
O Centro Desportivo Nacional do Jamor, em Oeiras, testemunhou o primeiro torneio de futebol gaélico em Portugal. Juntou cinco clubes, um português (LX Celtiberos), dois clubes vindos da Galiza, Espanha, e dois ingleses. Em relação às equipas, apresentaram-se duas formações femininas e três masculinas.
E o torneio não podia ter tido melhor cenário. Não só porque se realizou no pulmão verde do Jamor, como a chuva miudinha que caiu quase todo o dia transportou os atletas para a realidade atmosférica irlandesa.
Uma mistura de voleibol, futebol e râguebi. Amador e em prol da comunidade
Mas o que é mesmo o futebol gaélico? É “nem mais nem menos que uma mistura de todos os desportos”, tendo por base “o râguebi, os passes do voleibol, os pontapés do futebol, feitos para o ar, com balizas e os postes de râguebi (em forma de H)”, descreve Rui Torres, da única equipa portuguesa – LX Celtiberos – e um dos responsáveis da divulgação da modalidade em Portugal.
Numa partida jogada com uma bola de futebol e com as duas equipas com 15 jogadores de cada lado, cada um dos quais de luvas calçadas, “o contacto físico é limitado”, avisa, dando explicações sobre aquele que é um dos desportos mais populares da Irlanda e que integra a GAA (Associação Gaélica de Jogos).
Amador e com forte sentido de comunidade, dá os primeiros passos em Portugal. A Associação Portuguesa de Futebol Gaélico foi criada em junho de 2017 e contou, desde logo, com o alto patrocínio da Embaixada da Irlanda em Lisboa, na pessoa do embaixador. Em Portugal, há somente um único clube que se apresenta com uma equipa feminina e outra masculina. LX Celtiberos, “uma mistura de celtas com ibéricos”, explica Rui Torres.
Mas porque o dia foi de festa para a comunidade irlandesa, as celebrações não se resumiram à competição do futebol gaélico. Com a presença da embaixadora irlandesa em Lisboa, Orla Tunney, houve uma demonstração para jovens aprendizes do futebol gaélico a cargo do treinador Barry Anderson, houve música e houve festa com a transmissão do último jogo do Torneio das Seis Nações (Inglaterra-Irlanda), centenária competição que a seleção irlandesa venceu sem derrotas.
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