Depois de analisar os futebolistas mais caros do verão a nível internacional, o Fair Play decidiu olhar, ao pormenor, para as dez transferências mais caras do futebol nacional, referentes ao mercado de verão que recentemente encerrou.
1. Ederson (Benfica » Manchester City) – 40 milhões de euros
O guarda-redes brasileiro Ederson cotou-se como um dos jogadores mais caros a nível mundial na sua posição, depois do “ataque” do Manchester City, que ofereceu 40 milhões de euros para garantir o concurso do jovem guarda-redes de 24 anos. A transferência mais cara da Liga NOS esta temporada mudou-se, assim, para Inglaterra, depois de duas épocas no Benfica ao mais alto nível, onde captou atenções dos grandes europeus.
Para se ter uma ideia, em 2001, a Juventus pagou ao Parma 53 milhões de euros por Gianluigi Buffon, a maior transferência até ao momento envolvendo guarda-redes, fazendo de Ederson o segundo guarda-redes mais caro de sempre, numa transferência história no futebol nacional.
Sem grande histórico, para já, na seleção brasileira, Ederson conta provar o potencial e valor evidenciados em Portugal, tendo sobre as costas “o peso dos milhões” dado pelos milionários do Manchester City, que “esbanjaram” fortunas no reforço do plantel, com vista a atacar o título da Premier League.
2. André Silva (Porto » AC Milan) – 38 milhões de euros
Da baliza diretamente para o ataque, surge a segunda transferência mais cara em Portugal na janela de transferências que findou a 31 de agosto. André Silva seguiu caminho para terras transalpinas, rumando ao AC Milan a troco de 38 milhões de euros.
Depois de uma boa temporada ao serviço do Futebol Clube do Porto, onde realizou 44 jogos com o “score” total de 21 golos, o "adormecido" gigante italiano abriu os cordões à bolsa, tornando André Silva o sétimo jogador português mais caro de todos os tempos, apenas atrás de Cristiano Ronaldo (94M), Luís Figo (60M), Bernardo Silva (50M), Rui Costa (42M), João Mário (40M) e Renato Sanches (35M).
O jovem internacional passou a ser também o mais caro futebolista luso vendido pelos dragões, superando os 30 milhões que Chelsea e Real Madrid pagaram para levar os centrais Ricardo Carvalho e Pepe, respetivamente.
3. Victor Lindelöf (Benfica » Manchester United) – 35 milhões de euros
Desde janeiro já se especulava sobre a possível transferência de Lindelöf para terras de sua majestade. O final da novela aconteceu este verão, com a mudança do central sueco para o Manchester United, que gastou 35 milhões de euros na sua contratação, sendo que o negócio pode ainda atingir os 45 milhões, mediante o cumprimento de determinados objetivos.
Depois de aliar a titularidade do conjunto de Rui Vitória (assumida em fevereiro de 2016) com boas exibições, a cotação do sueco subiu em flecha, atraindo o interesse dos ‘Red Devils’, que já o “namoravam” há algum tempo.
Velocidade, boa leitura de jogo e poder de antecipação foram algumas das qualidades que catapultaram o central para voos mais competitivos do que o campeonato português. Na temporada passada, somou 47 partidas e marcou um golo, sendo uma das pedras fundamentais na defesa encarnada, entretanto desmantelada no decurso do quente mercado de transferências deste verão.
4. Nélson Semedo (Benfica » Barcelona) – 30 milhões de euros
O Benfica volta a estar representado nas maiores transferências deste verão, desta feita com a ida do lateral-direito Nélson Semedo para Barcelona, pela cifra de 30 milhões de euros.
Uma aposta forte dos blaugrana, que ficaram impressionados com a qualidade demonstrada pelo jovem português ao serviço das águias. Ascendendo da equipa B para a formação principal do Benfica, Nélson Semedo realizou duas temporadas de bom nível, com principal enfoque para a época passada, onde contabilizou quase 50 jogos, marcando dois golos e evidenciando qualidade na hora do passe.
A transferência gerou alguma desconfiança em Espanha, com os adeptos catalães a desconfiarem do valor do português. Apesar da estrutura do Barcelona ter revelado ter várias opções para o lado direito da defesa, optou por Nélson Semedo, acreditando no valor e potencial do jovem português, que conhece assim uma nova etapa na sua carreira.
5. Adrien Silva (Sporting » Leicester) – 24 milhões de euros
Uma transferência cujo “photo finish” ainda está a ser apurado pela FIFA, visto que foi consumada mesmo nos limites mais ínfimos do prazo autorizado.
Independentemente da decisão, é certo que o internacional luso não regressará ao Sporting CP (pelo menos a curto prazo), e isso pode representar um problema para o clube, mesmo considerando o generoso encaixe de 24 milhões de euros.
No relvado, será impossível para os que ficam replicar a influência incomparável que tinha Adrien Silva na forma de jogar do Sporting. Resta ao clube de Alvalade aprender a viver sem o ex-capitão, e acelerar a inevitável mutação dos seus processos. Tanto o Leicester como a Premier League ganharam mais um majestoso intérprete da arte que é o futebol.
6. Óliver Torres (Atlético de Madrid » Porto) – 20 milhões de euros
Após o empréstimo de Óliver Torres aos portistas (cedido pelo Atlético Madrid), o clube da invicta comprou mesmo os direitos económicos do jogador por 20 milhões de euros. A decisão, anunciada em fevereiro à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), contando como transferência de verão, pois não foi fechada na janela de transferências referente a janeiro.
De acordo com o Record, Óliver passa a ser o jogador mais caro de sempre dos dragões (em 'igualdade' com Giannelli Imbula, que no início de 2015/16 custou também 20 milhões à SAD portista), consistindo assim um recorde para o FC Porto, que investiu num jogador que já provou ser de grande qualidade e utilidade à equipa portista.
O médio criativo é um “génio” que o Porto necessita para dar ideias ao seu jogo, conferindo mais qualidade numa zona nevrálgica do terreno, onde a capacidade para segurar e fazer circular a bola assume principal importância.
7. Rúben Neves (Porto » Wolves) - 17,9 milhões de euros
Ainda mal começou a temporada, e a transferência mais cara da história do Championship já deixou os adeptos do Wolves maravilhados com a sua perícia no relvado.
A equipa orientada por Nuno Espírito Santo assume o favoritismo da prova desde cedo, e Rúben Neves é uma peça fundamental para alcançar o objectivo da subida à Premier League.
No que ao FC Porto diz respeito, esta venda só pode ser explicada pela necessidade imperativa de liquidez. O jovem médio é uma das maiores promessas da formação portista da última década, e por isso a sua saída perfila-se difícil de aceitar para qualquer adepto.
Por outro lado, com Danilo no plantel, Rúben Neves deparou-se sempre com um obstáculo adicional na conquista de minutos. Agora, nos Wolves, poderá explanar o protagonismo que merece e crescer ainda mais como futebolista.
8. Konstantinos Mitroglou (Benfica » Marselha) - 15 milhões de euros
A entrada de rompante de Seferovic criou uma dificuldade suplementar na gestão do plantel encarnado, tendo em conta a qualidade inegável dos quatro avançados à disposição. A solução encontrada, com a venda de Mitroglou e a contratação de Gabriel Barbosa, acaba por surpreender, e corre o risco de não resolver o problema original.
Raul Jiménez sempre pareceu a unidade mais perto da saída mas, aparentemente, a falta de minutos decorrente do excesso de opções na frente de ataque, afrouxou o interesse pelo mexicano.
Em Mitroglou, o Benfica perde um jogador que precisou apenas de duas épocas para ultrapassar a marca dos 50 golos. Veremos como se comportará este novo quarteto de avançados e se a sua produção é suficiente para afastar um eventual fantasma grego.
9. Rúben Semedo (Sporting » Villarreal) 14 milhões de euros
Uma das primeiras confirmações do Verão foi o negócio que envolveu Rúben Semedo e que acabou por ser a mexida mais consensual do defeso leonino. Quase 15 milhões de euros por um jogador que, apesar do potencial indubitável, exibiu-se uns furos abaixo do expectável na última temporada (como vários da turma sportinguista), acaba por ser bom desfecho para as partes interessadas.
Para o jovem central, a La Liga será uma oportunidade única de evoluir, e confirmar (ou não) o seu estatuto promissor. Poderá ser, inclusive, uma porta para conseguir a sua primeira internacionalização A. Em Alvalade, fica um eixo defensivo com valor, que não sentirá a falta de Semedo, pelo menos no imediato.
10. Marcos Acuña (Racing Club » Sporting) 9,6 milhões de euros
Certamente não será precipitado afirmar que Acuña foi a grande contratação do Sporting e, porventura, uma das mais valorosas do nosso campeonato.
Atualmente, na linha ofensiva leonina habitualmente escalada por Jorge Jesus, podemos encontrar as duas compras mais caras da história do clube: Bas Dost (10 milhões) e Marcos Acuña. E, para ser justo, os cifrões gastos correspondem ao valor futebolístico de ambos.
O argentino é o homem certo para, juntamente com Gelson Martins, providenciarem um sustento ao "esfomeado" Bas Dost e, dessa forma, levarem o Sporting CP até à quintessência goleadora. Porém, poderá não ser suficiente para disfarçar a ausência de Adrien Silva.
[Artigo corrigido às 11h44, acrescentando o nome de João Mário à lista de jogadores portugueses mais caros de sempre onde, por lapso, não se encontrava.]
António Pereira Ribeiro é editor da Major League Soccer para o Fair Play, e acompanha tudo o que se passa nos relvados norte-americanos, sem descurar o futebol nacional.
Daniel Faria desde cedo que sentiu a vocação para escrever sobre desporto, e coloca-a em prática enquanto editor do Fair Play para a Liga NOS.
O Fair Play é um projecto digital que se dedica à análise, opinião e acompanhamento de diversas ligas de futebol e de várias modalidades desportivas. Fundado em 1 de Agosto de 2016, o Fair Play é mais que um web site desportivo. É um espaço colaborativo, promotor da discussão em torno da actualidade desportiva.
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