Como alguém, todos os anos, faz sempre questão de nos recordar, réveillon que se preze tem de ter doze passas. É uma cena clássica: todos os anos, em todas as festas de passagem de ano, há sempre uma pessoa que leva as passas e tenta convencer os outros a comê-las quando soarem as doze badaladas, enquanto fazem os seus desejos e resoluções para a dúzia de meses que se segue, sob pena dos mesmos não se realizarem se não cumprirmos o ritual. É claro que ninguém, na realidade, gosta daquelas uvas raquíticas, e todos os anos, no fim da noite, resta sempre um pacote de uvas ressequidas semi-intocado.
Como também não gostamos de passas e como sabemos que gostavam de ter uma alternativa melhor, decidimos criar um novo ritual de Ano Novo. Um ritual muito mais agradável para os fãs de basquetebol do que engolir, contrariados, aquelas uvas engelhadas: fazer doze passes. A lógica é semelhante à tradição das passas: por cada desejo, um passe. Mas, ao contrário do das passas, este é um ritual que pode e deve ser feito com companhia.
É, portanto, uma tradição muito menos egoísta do que a outra. Por isso, se tiverem alguém com quem o fazer, façam um passe para essa pessoa. Se não, um passe contra a parede também funciona. E, por cada passe que fizerem, peçam um desejo.
Agora é só ter cuidado para não partir nada se realizarem o ritual dentro de casa (e/ou se tiverem exagerado nos digestivos após o jantar) e pedirem os vossos desejos. Aqui vão os nossos:
- Gregg Popovich assinar um contrato vitalício com os San Antonio Spurs. Porque não queremos ver a NBA sem as entrevistas de Pop. E sem as opiniões de Pop. E sem uma equipa de Pop. E sem as jogadas de Pop. E sem a gestão dos jogadores de Pop. E sem… Acho que já perceberam. #PopParaSempre
- Manu Ginobili assinar um contrato vitalício com os San Antonio Spurs e descobrir um elixir da juventude. Apesar de às vezes parecer que os Spurs já o descobriram, a verdade é que Manu já não vai para novo e o momento em que nos vamos ter de despedir dele já esteve bem mais longe. E não queremos pensar nisso nesta época de alegria. #ManuParaSempre
- A NBA finalmente reduzir a temporada regular. De alguns anos a esta parte que se fala nessa possibilidade, Adam Silver já a considerou e, como já tivemos oportunidade de o dizer, era uma solução para reduzir o risco de lesões e termos os jogadores em melhor forma quando chegasse a parte da temporada que realmente importa, os playoffs. Para além de que iria também aumentar a qualidade da temporada regular. Menos, mas melhores jogos.
- Não haver mais lesões. De nenhum jogador. Nunca mais. Não custa pedir, não é?
- Mais alley oops Milos Teodosic-DeAndre Jordan, por favor. Na verdade, mais passes de Teodosic para qualquer jogador.
- Que Joel Embiid nunca se lesione nos dedos e nos continue a brindar com o seu “trash talk 2.0” e o seu reinado nas redes sociais.
- Luka Doncic não ser selecionado no draft pelos Philadelphia 76ers nem pelos Los Angeles Clippers. Porque queremos vê-lo a jogar na NBA na próxima época e, com a sorte que estas equipas têm, se for escolhido por uma delas, o mais provável é que se lesione e fique de fora toda a temporada.
- Menos LaVar Ball. Este desejo podem ser vários: os media ganharem bom senso, LaVar ter um problema permanente nas cordas vocais, um grupo de hackers desenvolver um virus que ataca todos os sites que falem de LaVar, Kim Jong-un ameaçar um ataque nuclear se alguém voltar a referir esse nome… qualquer coisa que faça com que se fale mais daquilo que Lonzo Ball faz dentro de campo e menos do seu progenitor.
- Portugal Continental adotar o fuso horário dos Açores (perfeito, perfeito era adoptar o fuso horário norte-americano, mas mais uma horinha de sono já era um princípio).
- Os Golden State Warriors não serem campeões (faço este desejo preparado para a ira dos fãs de Golden State, mas, admitamos, era a melhor coisa que podia acontecer esta temporada; afinal, quem não gosta de um twist no final do filme?).
- Aproveitando para fazer um agradecimento ao mesmo tempo que puxamos a brasa à nossa sardinha, que o SAPO 24 nos continue a dar a oportunidade de fazer estes artigos semanais e de escrever os nossos bitaites sobre o melhor basquetebol do mundo.
- E, last but not least, aproveitando para fazer outro agradecimento a todos os que dispensam um bocadinho do seu tempo para ler esses bitaites: que vocês continuem aí desse lado a fazer-nos companhia e a acompanhar connosco o melhor basquetebol do mundo.
Para todos, um Bom Ano e bons cestos!
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