O tenista Nuno Borges está pela primeira vez nos quartos de final do Millenium Estoril Open.

O número 1 nacional, 62 do ranking ATP afastou o italiano Lorenzo Musetti (21.º), pelos parciais de 7-6(4) e 6-3, após 1h35 minutos e irá defrontar o chileno Cristian Garín, número 112 do ATP (ex-top 17), tenista que pouco conhece.

“Não o conheço muito bem, sinceramente. Estou a viver o momento e mais logo ou amanhã de manhã talvez comece a pensar na estratégia. Sei que já esteve no top 20, ganhou títulos, estes torneios não são novidade e certamente os quartos de final não é para ele a mesma importância que é para mim amanhã,” disse Nuno Borges na conferência de imprensa.

“Vou tentar aproveitar o fator jogar em casa, tentar absorver o máximo de confiança que este jogo me deu e tentar fazer um grande jogo. Sei que se quero ter hipótese tenho de jogar o meu melhor”, disse o tenista da Maia que não se assusta por vestir a capa do novo herói aos olhos do público português e calçar os ténis de João Sousa na passagem de testemunho, um desafio que pode ganhar novos contornos no torneio de despedida do antigo n.º 28 mundial.

“Não senti isso agora, no Estoril. A retirada do João já me pesou mais na altura da eliminatória da Taça Davis, na última, na Finlândia, foi quando mais me pesou. Desde aí, já estava a sentir que tenho de ser eu agora...não tinha de ser eu ...estou com esperança de que vários portugueses venham a estar onde eu estou, acho que o ténis português está em boas mãos”, divagou o tenista de 27 anos.

“Já me estava a aperceber-me quando fiquei melhor rankeado, quando senti que estava a jogar torneios e já não era nos future e os Challenger em que tinha sempre o meu grupinho aqui em Portugal e o ambiente noutros torneios era diferente e comecei a ter mais amigos estrangeiros do que companheiros portugueses e foi aí que comecei a sentir essa condição de passagem de testemunho”, atestou Nuno Borges.

“Merecia ganhar”

Nuno Borges tem tido um arranque de temporada que desperta a atenção mediática - ronda 16 do Grand Slam do Australia Open, venceu em Phoenix (Challenger Tour), por exemplo – e o percurso não escapou à inquirição jornalística.

“A minha preparação e o meu treino têm vindo a evoluir e isso depois acaba por os números (dos últimos torneios) demonstrar, a maneira como encaro o jogo, mas não foi do ano passado para este como possa transparecer, mas sim um trabalho que tenho vindo a fazer nos últimos anos”, alertou.

A olhar para o que se passou na terra batida do court central do Clube de Ténis do Estoril, Borges foi claro. “Merecia ganhar”, disparou. “Mantive-me mais constante e calhou para o meu lado”, sintetizou.

Questionado se esta teria sido uma das mais importantes vitórias na carreira, considerou. “Em termos de ranking não há dúvidas. No Estoril adiciona um valor especial, não me lembro de todos os jogos especiais que joguei, mas foi talvez um top-10 certamente, um top-5, se calhar”, resumiu.

“O Estoril é um torneio muito especial para nós. Para mim e todos os portugueses a competir, um ambiente é algo que não conseguimos ter em mais nenhuma semana do ano, pelo menos com tanto público a nosso favor, ou pelo menos não com tanta frequência”, descreveu Nuno Borges.

“No ténis tudo pode acontecer”

“A memória daqui, da primeira vez que joguei, no covid, os primeiros jogos que ganhei em singulares, em pares e ganhamos a primeira, esta vitória é muito importante para mim é um torneio que me diz muito e perante um adversário de grande calibre e consegui estar agora nos quartos de final. É para continuar e tentar dar o meu melhor”, prometeu.

Recuou ao primeiro jogo, diante Lucas Pouille. “A expetativa era tentar ganhar a primeira ronda, não estava com expetativa de a ganhar, mas estava muito focado para a ganhar”, recordou.

“Tal como na Austrália, tenho vindo a fazer, a pensar set a set e tentar não pensar muito naquilo que estou à espera que aconteça. Estar à espera de jogar bem, jogar mal, de muita coisa, mas simplesmente pensar no presente”, referiu.

“Senti-me mais confortável em campo”, assume ao comparar com o encontro da primeira ronda. “Precisava de passar por esta experiência, não necessitava de se tão apertada e com tanta dificuldade. Hoje foi diferente, consegui fazer o meu jogo, competir com o adversário e não estar só a lutar comigo mesmo”.

“No ténis tudo pode acontecer. Tento não colocar por isso grandes expetativas porque tudo pode acontecer, e se me focar no momento, tenho o meu shot e a oportunidade pode surgir”, conclui, procurando “usar a meu favor” a pressão e as esperanças do público português.