“Criar uma competição semifechada mataria as ligas nacionais. Desde logo, mostrámos a nossa oposição a esse tipo de competição e a realidade só mudou porque houve uma reação forte. A modernização da indústria do futebol não pode seguir esse caminho”, disse o presidente da Liga espanhola, na Soccerex, conferência sobre futebol que decorre em Oeiras.
Javier Tebas, que afirmou que as equipas mais poderosas podem ter as maiores ‘estrelas’, mas não são a totalidade da indústria do futebol, defendeu uma mudança de paradigma.
“As ligas e as federações nacionais devem equivaler-se à FIFA e à UEFA. Não deve haver qualquer posição de supremacia em termos das decisões que são necessárias tomar no futebol”, declarou.
Por seu lado, Pedro Proença concorda que é necessário um clima de diálogo que promova uma competição saudável entre todos os emblemas.
“Esse novo tipo de modelo competitivo iria matar as ligas mais pequenas, como a portuguesa, e iria alimentar os que mais recebiam, criando maiores assimetrias. É preciso um modelo de repartição de receitas que promova uma competição saudável”, disse o dirigente luso, concordando com o seu homólogo espanhol na defesa da posição de que “as ligas nacionais têm de ser parte da decisão e não mantidas à margem”.
Já sobre o tema da centralização dos direitos televisivos, Pedro Proença desejou que o exemplo espanhol, que tem direitos centralizados, após legislação por parte do governo, possa servir de referência a Portugal.
“Falta uma ação concertada. Temos de trabalhar na possibilidade de conseguir mais receita e, acima de tudo, entregarmos o conteúdo e tornar o futebol mais positivo. Esse é o caminho. A Europa não pode estar toda a uma velocidade e Portugal seguir no sentido contrário. É algo inevitável e que em Portugal acontecerá”, disse o presidente da Liga Portugal.
A terminar, Proença referiu-se aos horários dos jogos da I Liga, alvos de algumas críticas nas primeiras jornadas da competição, frisando que estão a ser tomadas medidas no sentido de “provocar os equilíbrios entre os direitos televisivos e a pretensão de incrementar os adeptos que vão aos estádios, não esquecendo os clubes que estão em competição internacionais”.
A Soccerex, evento que junta ex-jogadores, dirigentes e outros agentes para debater a indústria do futebol, estreia-se em Portugal e, entre quinta e sexta-feira, vão passar por Oeiras nomes conhecidos da modalidade, como o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, o presidente da Liga espanhola, Javier Tebas, o antigo selecionador de França Gerard Houlier e os ex-futebolistas Christian Karembeu e Deco, entre outros, espalhados por diferentes conferências e temas que vão desde a forma de liderança no futebol europeu a novas áreas, como os e-sports.
A Soccerex organiza estes fóruns desde 1995, tendo já passado por 19 cidades e 13 países diferentes. Este ano, a organização fez uma aposta em “mercados emergentes no futebol” e já passou também pela China, em maio, marcando ainda presença nos Estados Unidos da América, em novembro. A realização da Soccerex na Europa cabe pela primeira vez a Portugal, com Oeiras a acolher mais de 60 oradores no ciclo de dois dias de conferências.
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