O português venceu a prova com um salto de 17,98 metros, e José Manuel Constantino falou da polémica da sua naturalização, em 2017, após chegar de Cuba para representar o Benfica, numa conferência de imprensa de balanço dos Jogos Olímpicos Tóquio2020.
“Nas missões olímpicas, incluindo medalhados, já houve atletas que não nasceram em Portugal, se naturalizaram, e já tinham representado o seu país nos Jogos, coisa que não tinha acontecido com Pichardo”, afirmou.
De resto, tendo escolhido Portugal “como seu país”, passou a representar o seu povo e, lembrou Constantino, fê-lo com orgulho, tornando-se na capital nipónica o quinto campeão olímpico da história nacional.
“É uma situação que facilmente se supera, porque o que é importante é que é um cidadão que escolhe Portugal, traz a sua família, quer ser português, representar Portugal, e foi o talento, qualidade, esforço e entrega que fez com que todos, mesmo todos, nos emocionássemos quando a bandeira subiu e cantámos o hino nacional. Devemos-lhe esse momento. E ele também o sentiu”, analisou.
“A nossa missão tinha 92 atletas. Nesses 92, 16 correspondente a seis modalidades, em 17, não nasceram em Portugal. Destes 16, cerca de seis atletas não nasceram em Portugal, mas vieram porque os pais procuraram Portugal. A formação desportiva é feita em Portugal, não fora. Isto significa que 88% da nossa missão olímpica tinha atletas cuja formação desportiva foi em Portugal”, lembrou.
Neste caso, considerou o dirigente, “as coisas tiveram a dimensão que tiveram” porque “houve uma medalha de ouro” e “uma naturalização feita em condições que são conhecidas”, depois de “um conflito relativamente a uma mobilidade associativa”.
Constantino referia-se à polémica transferência de Nelson Évora, campeão olímpico em Pequim2008, do Benfica para o Sporting, seguida da contratação de Pichardo pelos ‘encarnados’.
“Não é novo na sociedade portuguesa. Recordo-me da polémica que houve relativamente à naturalização de Alfredo Quintana. Do que se escreveu e disse. Hoje todos reconhecemos que Alfredo Quintana, que teve um desaire na vida que o fez perder a vida prematuramente [no início do ano], era um elemento essencial, que todos reconhecem, inclusive os que criticaram, da seleção nacional de andebol”, comparou.
Questionado sobre o apoio de Nelson Évora, que se despediu dos Jogos Olímpicos na qualificação, a Hughes Fabrice Zango, do Burkina Faso, medalha de bronze na final que deu o ouro a Pichardo, disse não ter assistido, conhecendo apenas “relatos”.
Se é devido “o maior apreço e admiração” por todos os atletas olímpicos nacionais, mas também “uma grande admiração” pelos que conseguiram resultados de destaque, “nenhum desses talentos está acima de Portugal”.
“Estamos aqui a representar Portugal, não a nós próprios. Uma representação nacional deve exigir de todos os elementos envolvidos um sentido de companheirismo, colaboração, entreajuda, reforço. (...) Com a prudência e cuidado que estas coisas envolvem, posso partilhar convosco que o Chefe de Missão [Marco Alves] teve a esse propósito uma conversa” com Nelson Évora, revelou.
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