Como termo de comparação, na época passada, por esta altura, apenas um técnico tinha visto a porta de saída. Francesco Guidolin não resistira aos maus resultados iniciais e o Swansea trocava de treinador muito cedo na temporada. Ainda assim, para atingirmos a marca de cinco treinadores despedidos tivemos que esperar até 23 de Fevereiro, quando Claudio Ranieri via o seu reinado à frente do Leicester City chegar ao fim.
Esta é a primeira vez na história da Premier League que cinco treinadores são despedidos tão cedo na temporada e o recorde de maior número de despedimentos poderá mesmo ser batido. O recorde pertence à época de 2013-14 onde 10 foi o número de técnicos despedidos. Com apenas 12 jornadas já se atingiu metade desse número e ficamos na expetativa para o que virá a acontecer nos próximos meses.
O dinheiro dos novos contratos televisivos, a entrar em vigor em breve, e a pressão associada ao mesmo, está a deixar a liga à beira de um ataque de nervos. A contribuir para tal estão também os clubes recém-promovidos, uma vez que têm feito épocas extremamente positivas. Brighton & Hove Albion, Huddersfield Town e Newcastle United não parecem ser, de momento, candidatos à descida, e apresentam-se respetivamente no nono, décimo e décimo-primeiro lugares na tabela classificativa.
O que mais impressiona na senda de despedimentos é que, tirando Frank de Boer, que assumiu o papel no início desta temporada, todos os outros técnicos terão feito um excelente trabalho na época transata e conseguido lugares a meio da tabela. Um sétimo, décimo, décimo primeiro e décimo segundo lugares (Everton, West Bromwich Albion, West Ham e Leicester, respectivamente) não são mais garantia de confiança, caso a época seguinte comece menos bem.
No caso em particular de Tony Pulis, apesar de por vezes levar a sua estratégia na direção contrária à vontade dos adeptos - a do espectáculo -, é um técnico altamente conceituado e respeitado pelos seus colegas de profissão. Um treinador com presença em dez edições da Premier League, com dois prémios de Treinador do Mês e um fantástico prémio de Treinador do Ano na temporada 2013-14, ao serviço do Crystal Palace.
Pulis foi o homem que trouxe o Stoke City da Championship para a Premier League e foi quem fez do mesmo uma equipa extremamente difícil de bater, principalmente, no seu terreno. Em seis época ao serviço da equipa da cidade de Stoke-on-trent o técnico galês conseguiu ficar sempre entre a décima quarta e a décima primeira posições. Depois da sua longa história com o Stoke City, Pulis é então nomeado, no decorrer da época 2013-14, treinador do Crystal Palace, com o objetivo de resgatar a equipa dos lugares de despromoção. Pulis fê-lo e fê-lo em grande estilo. Com uma fantástica série de resultados e umas impressionantes cinco vitórias seguidas no mês de Abril, a equipa do sul de Londres não só permaneceu na Premier League, como terminou o campeonato num honroso décimo primeiro lugar.
No Twitter, Gary Lineker afirmou que, olhando à volta, depois do West Bromwich Albion ter despedido Tony Pulis, o melhor homem para ajudar a equipa a conseguir a permanência poderá bem ser… Tony Pulis. Lineker, ex-internacional inglês, demonstra o que muitos pensam.
Este poderá ter sido um despedimento precipitado e ninguém melhor que Pulis para conseguir os tão preciosos pontos que darão, no final, a permanência na Premie League. Muitas das vezes, as direções dos clubes, de forma a não serem o alvo dos adeptos, tendem a fazer a vontade a quem paga pelo espectáculo, e a corda acaba por partir do lado do treinador. Só o tempo dará, ou não, razão a Guochuan Lai, proprietário do West Bromwich Albion.
Em forma de curiosidade, na história da Premier League, apenas uma equipa com cinco ou menos pontos à décima terceira jornada foi capaz de escapar à descida de divisão. O Everton de 1994-95 foi quem conseguiu a proeza. Assim, as probabilidades do Crystal Palace (último classificado) conseguie escapar à descida de divisão são cada vez mais pequenas e a luta, a partir de agora, poderá ser apenas para escapar aos dois restantes lugares abaixo da linha de água.
A semana que passou na Premier League
Num sinal de que nem tudo é sobre dinheiro, as notícias desta semana apontam para que o Watford tenha recusado uma proposta de vinte milhões de libras do Everton por Marco Silva. O que não é de surpreender, uma vez que o técnico português tem sido alvo de muitos olhares por partes dos clubes da Premier League devido à excelente época que está a fazer. O Watford recusa, assim, uma proposta pouco habitual por um treinador. Já o Everton continuará desesperadamente à procura de um novo técnico, já que o treinador interino, David Unsworth, não tem conseguido virar a situação do clube da cidade de Liverpool (isto apesar de ter ganho precisamente ao Watford de Marco Silva há duas jornadas).
Na jornada passada, em jogo importantíssimo que colocou frente-a-frente Arsenal e Tottenham, os Gunners venceram por duas bolas a zero, beneficiando de foras de jogo em ambos os lances. Numa era de tecnologia e com campeonatos como o português e o alemão a utilizarem o sistema de apoio aos árbitros (e recentemente com o campeonato espanhol a anunciar que na próxima temporada também utilizará o VAR), a questão que se coloca é: e a Premier League? Não haverá, nesta matéria, sinais para alarme. A Premier League, desde a época passada que testa a tecnologia. Durante dois anos, e sem que o mero espetador saiba, testes e decisões estão a ser tomadas nos bastidores dos jogos. Sem nunca, claro está, haver comunicação com o árbitro da partida. Acabado o período de teste de dois anos (no final da presente temporada), a Premier League decidirá, favoravelmente ou não, quanto à utilização do VAR. Essa poderá ser, muito provavelmente, uma das novidades a anunciar para o início da temporada 2018-19.
Oumar Niasse, o avançado senegalês do Everton foi punido com dois jogos de suspensão por simular uma falta que deu origem a um pénalti, o que faz dele o primeiro jogador da liga a ser suspenso sob a nova regra, em vigor apenas desde o início desta época, que prevê suspensões para jogadores que ‘mergulhem’ ou simulem lesões com recurso a vídeo, após o jogo. Curiosamente, passaram doze jornadas até que a regra tivesse que ser acionada, o que é muito positivo. Se terá sido uma coincidência ou se terá sido o efeito dissuasor da própria regra, isso é difícil de perceber. Mas os jogadores estão agora cientes de que ao tentar enganar o árbitro podem estar sujeitos a uma suspensão.
Esta semana na Premie League
A décima terceira jornada da liga tem como principal atrativo um Liverpool-Chelsea, em que os intervenientes se encontram separados por três pontos na tabela. Na jornada que marca um terço de campeonato, e o início dos últimos jogos antes da época natalícia que, como sabemos, é recheada de jogos, todos os pontos são importantes. A não perder mais uma excitante jornada, onde tudo poderá acontecer.
Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Tendo feito toda a sua formação em Inglaterra, passou por clubes como o MK Dons e o Luton Town, e também pela Federação Inglesa, o seu sonho é um dia poder vir a treinar na melhor liga do mundo, a Premier League. Até lá, pode sempre acompanhar as suas crónicas, todas as sextas, aqui, no SAPO 24. E não se esqueça que poderá sempre juntar-se à nossa liga SAPO 24 na Fantasy Premier League. O código de acesso é o 3046190-707247.
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