Pouco passava das 13:09, hora de Lisboa, quando a chama olímpica acendeu a lua que encima o Estádio Olímpico de PyeongChang, abrindo os Jogos Olímpicos de Inverno 2018.
Depois de passar de mão em mão durante 101 dias, a chama olímpica chegou finalmente a PyeongChang, com Jong Su Hyon, do Norte, e Park Jong-ah, do Sul, a subirem uma escadaria até à pira olímpica.
A dupla da equipa feminina coreana de hóquei no gelo passou então o testemunho a Kim Yu-na, que acendeu a pira olímpica, dando início aos Jogos Olímpicos de Inverno PyeongChang2018.
A cerimónia começou às 20:00 (11 em Lisboa). A Coreia do Sul inaugurou os Jogos Olímpicos de Inverno 2018 com um espetáculo multimédia que caminha pela história e pela cultura do território a sul do paralelo 38. A península da Coreia está dividida pela zona desmilitarizada desde 1953, data da assinatura de um armistício, que determinou um cessar-fogo. Não tendo sido assinado um acordo de paz, os dois países continuam tecnicamente em guerra. Todavia, para estes jogos, houve uma abertura.
Debaixo de uma mesma bandeira, atletas do Norte e atletas do Sul desfilaram na cerimónia de abertura e vão competir com uma equipa conjunta no torneio feminino de hóquei no gelo. A delegação norte-coreana que visita o sul, num novo sinal da reaproximação entre as duas Coreias, integra a irmã do dirigente norte-coreano Kim Jong-un, que é a primeira representante da família a deslocar-se ao sul.
E é de união que fala a cerimónia. Realizada por Song Seung-whan, um ator e encenador sul-coreano, que procurou projetar uma visão de unificação e paz na península.
É certo que a união entre as duas metades do território peninsular surge numa altura em que do Norte surgem ameaças, por vezes desbragadas, a vários países do planeta. Todavia, esta não é a primeira vez que as Coreias marcham sobre a mesma bandeira. Aconteceu em Sydney, na Austrália, em 2000. Também em Atenas, na Grécia, em 2004, e em Turim, em Itália.
Assim, depois de boicotar os Jogos Olímpicos de Verão de 1988, realizados em Seul, a Coreia do Norte vai participar nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 com 22 atletas, nas modalidades de esqui alpino, esqui nórdico, patinagem artística, velocidade e hóquei no gelo feminino.
No final da passagem das 91 comitivas, chegou, então, o momento mais aguardado da cerimónia de abertura, com as delegações da Coreia do Sul e da Coreia do Norte a desfilarem em conjunto, sob uma bandeira branca com o mapa da península coreana desenhado a azul.
Tal como havia acontecido aquando da entrada do presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e do presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, a irmã mais nova de Kim Jong-un, líder norte-coreano, cumprimentou os responsáveis sul-coreanos presentes no Estádio Olímpico de PyeongChang.
De forma simbólica, os discursos inaugurais dos responsáveis da Coreia do Sul e do COI foram feitos com a comitiva coreana por trás.
“Ao mesmo tempo que competis, convivereis na Aldeia Olímpica. Assim demonstrareis a força única do desporto para unir as pessoas. Um exemplo foi o desfile conjunto das delegações das duas Coreias”, referiu.
No ano passado, os sucessivos ensaios nucleares de Pyongyang e a retórica beligerante do Presidente norte-americano, Donald Trump, elevaram a tensão para níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia.
A China, que é o principal aliado diplomático e maior parceiro comercial do regime norte-coreano, defende o regresso ao diálogo e propõe que Pyongyang suspenda o programa nuclear em troca do fim dos exercícios militares conjuntos entre Washington e Seul, que Pyongyang considera um treino para uma invasão.
A comitiva portuguesa, liderada por Kequyen Lam, um dos dois atletas lusos em prova – juntamente com Arthur Hanse –, foi a 82.ª a entrar no Estádio Olímpico.
Quem roubou todas as atenções foi a comitiva do Tonga — mais uma vez. Pita Taufatofua, o porta-bandeira daquele país na cerimónia inaugural dos Jogos de Inverno 2018 desafiou as temperaturas glaciares da Coreia do Sul ao desfilar em tronco nu e coberto de óleo.
Taufatofua foi um dos destaques na cerimónia inaugural dos Jogos Olímpicos de Verão em 2016 no Rio de Janeiro, com o seu traje tradicional de Tonga e exibindo o tórax musculoso, uma imagem que deu a volta ao mundo.
Mas, ao contrário do clima quente da festa no Maracanã, o atleta de 34 anos, que disputa no taekwondo, enfrentou esta sexta-feira uma temperatura de -5 graus e uma sensação térmica de -10 graus.
Destaque também para o desfile da comitiva russa, que conta apenas com atletas convidados pelo Comité Olímpico Internacional, que entrou sob bandeira neutra, depois de o país ter sido proibido de participar devido a um caso de doping sistemático apoiado pelo governo.
Mais de 2.900 atletas disputarão os 102 títulos em jogo correspondentes a sete desportos e 15 categorias, até 25 de fevereiro.
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