A seleção nacional de râguebi tem no sábado (14h30, Sport TV), em Bucareste, Roménia, um jogo decisivo nas aspirações no Rugby Europe Championship 2024 (REC 2024).
A vitória dos lobos, 2.º lugar no Grupo B, 6 pontos, menos 3 que o adversário, a Roménia e mais dois que os belgas (recebem a Polónia, último classificado, zero pontos) garante um lugar nas meias-finais do antigo torneio das Seis Nações B, disputado desde 2023 por 8 nações, divididas em dois grupos.
Para Tomás Appleton, capitão dos lobos, não há dúvidas. “É 100% obrigatório ganhar. Não há outra forma de pensar, se quisermos passar à próxima fase”, disse.
As contas são simples: se Portugal conquistar os quatro pontos no estádio Arco do Triunfo, Bucareste, termina em 1.º lugar e disputa as meias em casa, contra o 2.º do Grupo A (Espanha ou Geórgia, ambos 9 pontos, defrontam-se em Tbilisi, na Geórgia).
Qualquer outro resultado (derrota portuguesa na Roménia) deixa a seleção nacional dependente do “filme” de Bruxelas (Bélgica-Polónia).
Se os belgas triunfarem, os lobos terminam em 3.º e ficam de fora das meias-finais. Mas, caso os polacos vençam, os lobos permanecem segundos e disputam o acesso ao jogo do título na casa do 1.º lugar do Grupo A (Espanha ou Geórgia).
“Isto é um processo que não vai acabar na Roménia”
As duas seleções estiveram no campeonato do mundo França 2023. Portugal (16.ª do ranking) terminou em 4.º, no grupo C, somou uma vitória e um empate (Fiji e Geórgia). A Roménia (20.ª) foi 5.ª e última do grupo B, sem qualquer ponto somado.
De um lado, estará João Mirra. O atual treinador dos lobos integrou a equipa técnica de Patrice Lagisquet no campeonato do mundo de França. Do outro, a seleção romena é treinada por David Gerard. Ex-colega de Mirra, fez parte do lote de treinadores da seleção portuguesa no França 2023.
“É um cheirinho a Mundial”, comentou Tomás Appleton, capitão dos lobos.
Em relação ao jogo com a Roménia, João Mirra, foi claro. “Neste microciclo, é um jogo decisivo”, disparou. “Mas se olharmos daqui a um ano (REC entra nas contas do apuramento para o Mundial 2027) é aí que vamos querer ganhar”, frisou. “Sem retirar responsabilidades, vamos à Roménia e queremos ganhar. Mas também queremos ganhar daqui a um ano, dois anos e três anos”, realçou.
“Queremos ganhar na altura certa, nos momentos decisivos”, registou. “Isto é um processo que não vai acabar na Roménia, queremos que acabe, pelo menos, no Mundial de 2027 (Austrália)”, reforçou.
Entre o imediato e o futuro. No meio, as dores de crescimento dos lobos
Desde do Mundial França 2023, a seleção nacional iniciou uma renovação. “Saíram jogadores de qualidade brutal, Samuel Marques e o Mike (Tadjer)”, exemplificou.
O pensamento de Mirra encontra eco em Appleton, jogador mais internacional no ativo, a caminho da 68.ª internacionalização. “Temos de ter noção que há muitas mudanças e alterações, o grupo mudou”, registou o capitão de Portugal.
“Podemos ter algumas dores de crescimento, mas não queremos perder o comboio, o embalo (do campeonato do mundo)”, relembrou. “Na verdade, é um percurso de quatro anos para chegar ao Mundial da Austrália, em 2027”, relembrou.
João Mirra voltou à carga e recuperou o tema da renovação dos lobos.
“Críticas à equipa técnica, estamos cá para isso e, se tivermos de dar o peito às balas, assim o faremos. Mas temos de ser justos para os jogadores, que têm 19 e 20 anos”, apontou e respondeu às críticas recebidas após a surpreendente derrota frente à Bélgica, na 1.ª jornada do REC 2024.
Centra-se na matéria-prima em mãos. “Temos de olhar para um grupo (de jogadores) e perceber qual o grupo que vai estar melhor daqui a um, dois ou três anos”, alertou.
“Se calhar, tem um custo no imediato. Não queremos ter medo de arriscar nos jogadores jovens, só porque podemos pôr em causa algum rendimento imediato. Temos a obrigação de não olhar para nós, para as vitórias imediatas dos treinadores, mas olhar para o projeto, seja connosco ou sem, a médio e longo prazo”, disparou.
Mais um lobo em estreia no duelo favorável aos carvalhos
Para o encontro com a Roménia, sob a arbitragem do georgiano Nika Amashukeli, foram chamados oito jogadores que estiverem no Mundial França 2023, sete jogadores que ganharam internacionalizações no decurso deste europeu e uma estreia. O lusodescendente Pierre Sayers, ponta do Mont Marsan, Pro D2, segunda divisão francesa, colega de equipa do mundialista Simão Bento (ausente).
Como curiosidade, não foi convocado nenhum dos jogadores lusos das divisões semiprofissionais e profissionais francesas. De França vieram oito lusodescendentes de oito clubes. Da Divisão de Honra portuguesa, o Belenenses cede quatro jogadores. Direito (3), Agronomia (3), Benfica (2), Técnico (1), CDUL (1) e Cascais (1) completam o lote de convocados.
A propósito de ausências, João Mirra esclarece. “Temos de ser justo com alguns jogadores que têm dado muito e agora não estão cá. Continuam connosco e vão estar num futuro breve”, assegurou.
Lobos (Portugal) e carvalhos (Roménia) são velhos conhecidos nos confrontos europeus. No histórico, a estatística está quase toda inclinada para o país da Europa do Leste.
Em 29 partidas, desde 1967, os romenos venceram em 24 ocasiões, tendo triunfado nos dois últimos encontros do REC 2021-2022, torneio, então, bianual de qualificação para o Mundial de França 2023 (28-27, em Lisboa e 37-27, em Bucareste).
Portugal venceu cinco vezes: 2003 (16-15), 2009 (22-21) e 2011 (24-17), 2021 (22-11) e 2023, por 38-20, no Estádio do Restelo, na edição de estreia do novo modelo competitivo do Rugby Europe Championship, ano em que foi vice-campeão.
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