Desde que começou a sua carreira como treinador de equipas principais há 10 anos (esteve um ano na equipa B do Barcelona), Pep Guardiola venceu oito campeonatos nacionais. Barcelona, Bayern de Munique e, agora, Manchester City, foram os clubes que o catalão guiou em direção ao título de campeão, num registo absolutamente fantástico que o coloca, desde já, como um dos melhores na história do desporto. No seu currículo, de resto, falta apenas a Taça de Inglaterra (que pode ganhar já para a semana) se olharmos para os títulos em disputa em cada um dos países por onde passou.
Depois de uma primeira época em Inglaterra um pouco aquém das expetativas (3.º lugar no campeonato, a 15 pontos do Chelsea de Conte), o segundo e terceiro anos de Guardiola ao serviço dos Citizens foram, no mínimo, arrasadores. Senão vejamos: campeão na época passada com 100 pontos (recorde de pontos da Premier League), 106 golos marcados (recorde de golos da Premier League) e com 19 pontos de diferença sobre o segundo classificado (maior diferença de sempre na Premier League) e vencedor da Taça da Liga Inglesa; nesta época, campeão com “apenas” 98 pontos e 95 golos marcados, vencedor da Taça da Liga Inglesa e finalista da Taça de Inglaterra.
Depois de ter sido Don Pep na Catalunha e de Herr Pep em Munique, Guardiola é agora um não-oficial “Sir” em Manchester, algo que a maioria dos adeptos dos Citizens não se importaria de propor à Rainha para retificar oficialmente, certamente.
Isto porque, de facto, faltam adjetivos a este Manchester City, uma equipa que encanta pelo seu bom futebol e onde brilha um português a quem o treinador catalão atribuiu o “título” (ainda que oficioso, já que o oficial foi para Virgil van Dijk) de “melhor jogador da Premier League”: Bernardo Silva.
O esquerdino que um dia Jorge Jesus quis experimentar a defesa-esquerdo numa pré-época no SL Benfica (e que motivou a sua posterior saída para o Mónaco) foi, para Pep, o verdadeiro motor de um Manchester City recheado de estrelas. Os sete golos e sete assistências do fantasista português foram suficientes para Guardiola o colocar à frente de jogadores como Kun Aguero (melhor marcador da equipa com 21 golos, aos quais juntou oito assistências), Raheem Sterling (17 golos e 10 assistências) ou Leroy Sané (10 golos e 10 assistências).
O segredo de Bernardo Silva talvez seja a regularidade (foi o terceiro jogador mais utilizado pelo Manchester City na Premier League, apenas atrás do guarda-redes Ederson e do defesa-central Laporte) a fazer “tudo bem”, algo que já tinha sido referido pelo técnico catalão meses depois da sua contratação, quando ainda não era um titular indiscutível do conjunto inglês e procurava adaptar-se ao futebol britânico.
Apesar de apenas ter apontado sete golos, dois deles foram particularmente importantes, pelo palco em que aconteceram: logo na primeira jornada do campeonato, em Londres, na vitória do City frente ao Arsenal, como que a mostrar ao que vinha na época que agora termina, e há poucas semanas em Old Trafford, no dérbi de Manchester, numa vitória determinante para o título de campeão da sua equipa, que terminou a época com 14 vitórias consecutivas, ainda que apenas tenha somado mais um ponto que o Liverpool.
Para Guardiola, Bernardo Silva “faz tudo com a bola” e teria lugar “em qualquer equipa do mundo”. Para já, é ele que conduz o camião de bom futebol deste Manchester City que já para a semana pode atingir um inédito treble (vencer Campeonato, Taça de Inglaterra e Taça da Liga) e que promete ser ainda melhor para o ano, com Bernardo Silva ao volante.
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