O médio argentino, de 28 anos, foi ouvido hoje na 14.ª sessão do julgamento da invasão à academia ‘leonina’, em 15 de maio de 2018, com 44 arguidos, incluindo o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.
“Fiquei com medo. Desde essa altura, sempre que perdemos um jogo, fico com receio que isto volte a acontecer. Isto aconteceu no nosso local de trabalho. Após o ataque, liguei para a minha namorada para não sair de casa. Se no nosso local de trabalho nos conseguiram fazer isto, o que seria na rua”, questionou Battaglia.
A testemunha contou que entraram no balneário “entre 30 a 40 pessoas com o rosto tapado” em grupos de duas a três pessoas e gritaram pelo seu nome e dos de Rui Patrício, William Carvalho e Marcus Acuña.
“Nunca tentaram falar connosco. Disseram que não merecíamos usar a camisola do Sporting e começaram a pancadaria”, descreveu o médio, relatando as agressões de que foi alvo, assim como as de Rui Patrício, de William e de Acuña.
“Vieram ter comigo quatro a cinco indivíduos. Deram-me socos na cara, no peito e nos braços. Ameaçaram-me de morte e atiraram-me um garrafão de água de 20 a 25 litros”, explicou médio argentino.
Quanto a Acuña, afirmou que o compatriota “ficou sentado e tentou proteger-se”, mas que foi atingido na cara com socos e pontapés nas pernas por “um grupo de cinco a seis pessoas”.
Rui Patrício e William Carvalho “tentaram parar com aquilo”, mas também foram agredidos com pancadas na nuca e no corpo, enquanto Fredy Montero “levou um soco na cara”.
Após o ataque, o médio viu o então presidente do clube Bruno de Carvalho e André Geraldes, diretor desportivo, na academia.
“Só o vi [Bruno de Carvalho] perguntar o que é que tinha acontecido“, afirmou.
O atleta esteve na reunião de 14 de maio de 2018, véspera do ataque, entre o plantel e Bruno de Carvalho, na qual estiveram presentes outros elementos do conselho de administração.
Nessa reunião, segundo Battaglia, abordaram-se os motivos pelos quais o Sporting perdeu o jogo contra o Marítimo, no dia anterior, assim como a reação do Acuña no final da partida, quando o plantel se deslocou para a zona dos adeptos sem, no entanto, concretizar que reação foi essa do compatriota.
O ex-presidente disse que “os adeptos passaram a noite a ligar-lhe a pedir a morada do Acuña“, propondo uma conversa entre o internacional argentino e os adeptos, o qual aceitou. Battaglia acrescentou que Bruno de Carvalho também perguntou aos atletas se estavam com ele, “acontecesse o que acontecesse”.
Após a derrota com o Marítimo, na Madeira, em 13 de maio de 2018, Battaglia explicou que estavam adeptos à espera junto do autocarro, e que foi falar com eles para os “tranquilizar”.
Quando chegaram ao Aeroporto do Funchal “havia quatro a cinco pessoas, entre eles o Fernando Mendes”, antigo líder da claque Juventude Leonina, a perguntar pelo Acuña, relatando agressões insultos ao compatriota.
“Eu, o William Carvalho e o Jorge Jesus estivemos a falar com esses adeptos. Falei com eles e disse-lhe que somos seres humanos e que também erramos”, elencou, esclarecendo que cada um dos três falou com diferentes adeptos.
Battaglia foi ainda questionado sobre uma outra reunião, realizada em 07 de abril de 2018, entre o plantel e Bruno de Carvalho, dois dias após a derrota com o Atlético de Madrid, e o ‘post’ publicado na rede social Facebook pelo antigo presidente do clube, a criticar os jogadores.
“Foi uma reunião muito nervosa. O presidente teve discussões com Rui Patrício e William Carvalho. Eles eram os capitães e defenderam-nos. O presidente acusou-os de não defenderem o Sporting”, referiu.
O julgamento prossegue na quinta-feira com as inquirições de manhã dos fisioterapeutas Ludovico Marques e Gonçalo Álvaro, prosseguindo à tarde com a continuação da inquirição a Battaglia, seguindo-se a audição de Sebastien Coates.
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