“Sinceramente, pensei que ia morrer, foi um cenário de horror, estavam constantemente a dizer: ‘vamos matar-vos’”, disse o futebolista na 22.ª sessão do julgamento, que decorre no tribunal de Monsanto, em Lisboa.
O jogador, que após o ataque rescindiu unilateralmente com o clube num processo que ainda não está resolvido, afirmou ter temido também pela estabilidade da família: “Quando cheguei a casa e deparei-me com a minha esposa e os meus filhos a chorar, principalmente o mais velho”.
Ruben Ribeiro, que se constituiu assistente no processo, explicou que no dia seguinte ao ataque, retirou os filhos do colégio e mandou a família para o Porto.
O médio, que foi ouvido por videoconferência a partir do tribunal de Matosinhos, afirmou inicialmente, quando questionado pela juíza, que alguns elementos do plantel terão dito aos restantes para não falarem com o então presidente Bruno de Carvalho, afirmação que não confirmou quanto interrogado pelo advogado Miguel Fonseca, defensor de Bruno de Carvalho.
“Depois do ataque, na sala de convívio o ‘mister’ [Jorge Jesus] ou o Rui Patrício, não me lembro qual, disseram para não falar com o presidente”, disse, numa primeira versão, afirmando, mais tarde, que “ninguém disse isso”.
Ruben Ribeiro explicou que “as cerca de 30 ou 40 pessoas” que entraram no balneário gritavam e insultavam os jogadores.
“Estavam a gritar, a dizer que nos iam matar. Chamavam-nos nomes e diziam: ‘Vocês não merecem vestir a camisola’ e ameaçavam que se não ganhássemos no domingo [final da Taça de Portugal] íamos ver o que nos acontecia”.
O futebolista explicou que os invasores “dirigiram-se primeiro ao Acuña, que foi agredido com socos na zona da cabeça”,
Ruben Ribeiro, que disse ter “levado um estalo”, referiu ter visto os companheiros Misic e William Carvalho serem agredidos, e ainda ferimentos “na cabeça de Bas Dost e no lábio e num dos olhos de Jorge Jesus”.
O futebolista, que depois de ter saído do Sporting esteve meses sem clube, referiu que quando iam a sair os agressores disseram: “vamos embora, vamos embora que isto deu para o torto”.
O processo, que está a ser julgado no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.
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