A Ucrânia ameaçou hoje boicotar os Jogos Olímpicos Paris2024 caso os atletas russos e bielorrussos sejam reintegrados, após a abertura manifestada pelo Comité Olímpico Internacional (COI) e a autarca de Paris.
“Essa situação é inaceitável para o nosso Estado”, vincou o ministro do desporto ucraniano, Vadym Goutzeit, comentando a eventual queda nas sanções aos competidores de ambos os países cúmplices na invasão à Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Na quarta-feira, o COI admitiu uma reintegração dos atletas das duas nações no desporto mundial, embora mantenha as sanções às estruturas políticas e desportivas.
Hoje, a autarca de Paris, Anne Hidalgo, admitiu que queria que os visados competissem sob bandeira neutra, à semelhança do que defende o COI.
A responsável entende que “este é o momento dos desportistas” pelo que defende que estes “não devem ser privados da sua competição”.
“A nossa posição permanece inalterada: enquanto a guerra continuar na Ucrânia, os atletas russos e bielorrussos não devem participar em competições internacionais. Se não formos ouvidos, não excluo a possibilidade de boicotarmos e nos recusarmos a participar nos Jogos Olímpicos", retorquiu o ministro ucraniano, no Facebook.
O governo ucraniano tem pressionado o COI e outras organizações internacionais para fazer vingar a sua posição, sendo que na terça-feira o presidente Volodymyr Zelensky exigiu mesmo ao seu homologo francês Emmanuel Mácron o desejado banimento.
Quarta-feira, e após consultar representantes de atletas, federações internacionais e comités olímpicos nacionais, o COI disse que “nenhum atleta deve ser banido da competição apenas com base no seu passaporte".
Entretanto, o Conselho Olímpico da Ásia propôs-se a integrar desportistas russos e bielorrussos nas suas competições regionais, incluindo de apuramento para Paris2024, expressando o seu apoio à posição do COI.
Em sentido contrário à intenção de “explorar” vias de reintegração, vários países, incluindo Reino Unido e Dinamarca, condenaram a iniciativa do COI, com a ministra britânica da cultura, Michelle Donelan, a considerar que a mesma estava "muito distante das realidades da guerra".
“Condenamos qualquer movimento que permita ao presidente (russo) Vladimir Putin legitimar a sua guerra ilegal na Ucrânia. O próprio presidente do COI (Thomas) Bach condenou a Rússia há menos de um ano por violar a trégua olímpica e pediu para ‘dar uma chance à paz’", recordou Donelan.
Já o presidente do Comité Olímpico dinamarquês, Hans Natorp, enfatizou o facto de o seu país continuar a opor-se fortemente ao regresso da Rússia ao mundo olímpico.
"A agressão russa na Ucrânia está a ser intensificada. Nestas circunstâncias, seria inaceitável permitir que a Rússia e a Bielorrússia participem em eventos desportivos. Mantemos firmemente a nossa posição. Ainda não é hora de considerar o seu regresso”, vincou, numa mensagem no Twitter.
O comité organizador de Paris2024 não tem poder de decisão e o COI recordou, quarta-feira, que a “autoridade única” na matéria cabe às federações internacionais.
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