Numa reunião pouco participada, em que estiveram apenas 163 associados presentes, as contas foram aprovadas por 95,1% dos votos presentes.
Em 2017, a Associação Mutualista Montepio Geral teve lucros consolidados de 831 milhões de euros em 2017, o que compara com prejuízos de 151 milhões de euros em 2016, segundo o relatório e contas consolidadas do ano passado.
As contas foram fortemente influenciadas pelos créditos fiscais, por reconhecimento de ativos de impostos diferidos.
O ano passado, a Associação Mutualista Montepio Geral passou a ficar sujeita à aplicação de IRC (o imposto aplicado sobre os lucros das empresas), isto após um pedido de informação da própria ao fisco. O facto de pagar impostos também lhe permitiu beneficiar do impacto de ativos por impostos diferidos no valor de cerca de 800 milhões de euros.
Os créditos fiscais do Montepio, conhecidos em março, provocaram polémica, com críticas e pedidos de esclarecimento por parte dos partidos PSD, CDS-PP, PCP e Bloco de Esquerda.
Ainda na reunião magna desta terça-feira à noite, segundo disse fonte oficial à Lusa, o presidente da Mutualista, Tomás Correia, fez uma intervenção a apresentar as contas e em que considerou que “o Montepio conseguiu ultrapassar as dificuldades preservando a sua matriz e o seu ADN, apesar da maledicência que proliferou, que alguns alimentaram com análises descontextualizadas e abusivas”.
Ainda em 2017, segundo as contas consolidadas, os capitais próprios da Associação Montepio foram positivos em 527 milhões de euros, depois de em 2016 terem sido negativos em 251 milhões de euros, também influenciados pelos ativos por impostos diferidos.
Já o ativo líquido consolidado da Mutualista foi, em 2017, de 22.452 milhões de euros, menos 1% do que em 2016.
Fonte oficial disse ainda que na assembleia-geral, no tempo dedicado a perguntas e respostas, vários associados pediram a palavra para defenderem a demissão de Ribeiro Mendes como administrador da Mutualista, uma vez que já se manifestou em desacordo com a gestão liderada por Tomás Correia.
O presidente da Mesa da Assembleia-geral, padre Vítor Melícias, disse então que aquele não era o fórum próprio para esse tema, já que a assembleia-geral é extraordinária e apenas com um ponto na ordem de trabalhos, informou a mesma fonte.
Já é público que Fernando Ribeiro Mendes, ex-secretário de Estado da Segurança Social do Governo PS de António Guterres e atual administrador da Associação Mutualista do Montepio, que nos últimos tempos se tem afastado da liderança de Tomás Correia, se vai candidatar à presidência da Associação Mutualista Montepio Geral, nas eleições que decorrerão em dezembro.
No final de junho, em conferência de imprensa, Tomás Correia disse que ainda não decidiu se irá recandidatar-se e que só decidirá após conversas com associados.
Já questionado sobre como vê os contactos entre os seus opositores de outras eleições para formarem uma lista única às eleições, Tomás Correia foi irónico: “Adoro essas reuniões, adoro essas uniões de facto, tipo albergue espanhol, porque geralmente resultam muito bem, como sabem”.
A Associação Mutualista Montepio Geral, liderada por Tomás Correia, é o topo do Grupo Montepio, tendo mais de 600 mil associados.
A sua principal empresa é a Caixa Económica Montepio Geral, que desenvolve o negócio bancário, da qual é presidente Carlos Tavares (ex-ministro da Economia do Governo PSD de Durão Barroso e ex-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários).
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