Em declarações à agência Lusa no âmbito de um balanço da atividade até agosto e a evolução futura do mercado, João Pedro Pereira, da Comissão Executiva da ERA Portugal, previu o “aparecimento de mais oferta de produto no mercado, se o enquadramento legal e fiscal se mantiver”.
“Muitas das decisões de construção que foram tomadas nos últimos anos e que estão a ser tomadas este ano vão produzir finalmente a colocação de novos imóveis no mercado” e esses novos produtos “são bem-vindos e vão fazer com que se abrande o crescimento de preços nas zonas mais caras e vão melhorar a qualidade da oferta habitacional em Portugal”, acrescentou.
Nas zonas históricas, a oferta continuará a surgir pela reabilitação, “até porque não há espaço para construção nova”, disse.
O responsável da rede ERA afasta um cenário de ‘bolha’ no mercado, referindo ser uma hipótese colocada pelas pessoas que “não levam em conta o facto de a oferta no mercado imobiliário demorar muitos anos a ajustar-se à procura”, dado o tempo entre a decisão e a finalização da construção.
“O ajuste da oferta vai compensar o aumento da procura, só que, ao contrário de outros produtos, no mercado imobiliário este ajuste demora dois anos, três anos a ser feito”, recordou.
Já sobre o crédito bancário, o especialista indicou que surgiram soluções e que as regras colocadas “provocam, por um lado, o aumento da procura de casas, mas não um aumento irresponsável ou soluções, como antes da crise, em termos de financiamento a 100% ou situações em que as pessoas dificilmente teriam condições para pagar o empréstimo”.
Em vésperas da apresentação do Orçamento do Estado para 2019, cuja preparação tem levado a discussões, por exemplo, de eventuais novas taxas, João Pedro Pereira comentou à Lusa que os “investidores não estão nervosos”.
“Pode é haver revisão das suas posições, dos seus planos de investimento em função das regras que forem estabelecidas pelas leis ou pelos regulamentos de cada geografia e de cada país”, argumentou.
O responsável acredita que a internacionalização do mercado imobiliário será para “continuar nos próximos anos”, porque a localização de Portugal na Europa é “muito interessante, porque a recuperação económica ajudou na previsão de que as condições de estabilidade se iriam manter” e trouxe novos investidores.
Esta é uma situação “positiva” porque coloca o país no mercado global, “traz mais liquidez”, um “maior profissionalismo e também uma maior exigência por parte dos consumidores”.
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