"Acho que esse tema já foi amplamente explicitado pelo ministro das Finanças, que havia uma obrigação de o fazer, e quando há uma obrigação cumpre-se essa obrigação, e mais que isso não tenho a dizer", disse Miguel Maya quando questionado sobre a data do empréstimo de 850 milhões de euros ao Fundo de Resolução para recapitalizar o Novo Banco.
Miguel Maya falava na apresentação de resultados do BCP (lucros de 35,3 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020, menos 77,1% que no período homólogo de 2019), acrescentando apenas que "quando há obrigações, cumprem-se as obrigações".
Em 7 de maio, uma resposta do primeiro-ministro à coordenadora do BE, Catarina Martins, sobre o Novo Banco viria a desencadear a polémica que marcou as últimas duas semanas.
"Sobre o Novo Banco a resposta que tenho para lhe dar não tem grande novidade relativamente à última vez que me fez a pergunta, ou seja, a auditoria está em curso e até haver resultados da auditoria não haverá qualquer reforço do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução para esse fim", respondia António Costa, há duas semanas.
Horas depois, o Expresso online revelava que a transferência de 850 milhões de euros já tinha sido feita nessa semana, o que levou o primeiro-ministro a explicar que não tinha sido informado pelo Ministério das Finanças e a pedir desculpa ao Bloco de Esquerda pela informação errada transmitida durante o debate quinzenal.
A polémica continuaria na semana seguinte: o ministro das Finanças, Mário Centeno, admitiu uma "falha de comunicação" em entrevista à TSF, mas garantiu que nada tinha sido feito "à revelia" do primeiro-ministro.
O Presidente da República também comentou o tema, considerando que o primeiro-ministro "esteve muito bem" ao remeter nova transferência para o Novo Banco para depois de se conhecerem as conclusões da auditoria que abrange o período 2000-2018, e o líder do PSD, Rui Rio, viu nestas palavras uma "crítica pública" a Centeno, defendendo que o ministro deixava de ter condições para se manter no Governo.
Na passada quarta-feira à noite, Mário Centeno e António Costa reuniram-se em São Bento durante várias horas e, no final, o primeiro-ministro reafirmou publicamente a sua confiança pessoal e política no ministro de Estado e das Finanças.
O comunicado referia que ficaram "esclarecidas as questões relativas à falha de informação atempada ao primeiro-ministro sobre a concretização do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução, que já estava previsto no Orçamento de Estado para 2020, que o Governo propôs e a Assembleia da República aprovou".
Desde então, quer o ministro das Finanças quer o primeiro-ministro têm procurado dar o assunto por encerrado, com Mário Centeno a dizer que a crise "foi ultrapassada" ou, segundo António Costa, que "não há crise".
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