"A conclusão legítima que se pode retirar é que o OE2021 é muito mais focado na área das famílias (com algumas medidas importantes ao nível dos apoios sociais) do que nas empresas", pode ler-se no relatório conhecido hoje e que identifica seis principais desafios para o ano.
No desafio relativo ao Estado, sobre o OE, o sócio da EY refere, no texto, que "é igualmente legítimo entender que o contexto em que o OE2021 é apresentado é tudo menos linear e por isso poder-se-á admitir que o OE2021 não seja suficiente para responder aos desafios da crise, pois o Estado tem recursos escassos e limitados para gerir".
No âmbito do Estado, a consultora refere também que a crise causada pela pandemia de covid-19 "está a colocar uma enorme pressão sobre todo o sistema de saúde e em particular sobre o SNS [Serviço Nacional de Saúde]".
A empresa defende que "é necessário repensar o modelo de financiamento de um sistema que já se encontra sobre grande pressão", refletindo também sobre o "aprofundamento da colaboração e coordenação entre todos os prestadores de saúde, públicos e privados, definindo uma estratégia nacional".
A EY refere ainda que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) "com financiamento comunitário, é a principal resposta pública aos impactos mais visíveis da crise", e que os grandes desafios do plano prendem-se com "a pressão para obter resultados no curto prazo".
Já relativamente à ética e integridade, a empresa refere ainda que no âmbito da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção se prevê "um maior envolvimento do setor privado, em complemento ao envolvimento do setor público", considerando a consultora ser fundamental "a instituição de uma entidade com poderes de regulação e fiscalização".
Além do Estado, a consultora identificou ainda o crescimento, a sustentabilidade, o talento, o digital e o consumidor como principais áreas a ter em conta em 2021.
No crescimento, a EY "prevê que as intenções e os planos de investimento, serão fortemente influenciados pela rapidez na adoção de tecnologia, pelo foco nas alterações climáticas e na sustentabilidade, e pela reconfiguração das cadeias de distribuição".
A EY aponta também que "as operações de fusões e aquisições (M&A) irão continuar a crescer em Portugal, em volume e em valor".
Já sobre as moratórias de crédito, "atendendo a que o fim da moratória legal não coincidirá com o fim da crise económica, é expectável que as restrições de liquidez enfrentadas pelas empresas sofram novo agravamento e assim não consigam fazer face ao seu serviço de dívida".
No setor segurador, a EY antecipa "que a nova era do seguro de vida seja bastante diferente", sendo necessário que "as seguradoras desenvolvam produtos e serviços mais acessíveis, digitais, simples e que apresentem soluções integradas e adaptáveis".
Quanto à sustentabilidade, a EY afirma que "cerca de 29% dos consumidores confirmam a intenção de serem mais conscientes sobre as suas ações e o impacto que elas têm no mundo".
"O setor da energia é aquele que enfrenta maiores transformações, pois precisa de abandonar não só os recursos fósseis, mas também a maioria dos processos e infraestruturas associados a este modo de produção de energia", refere a consultora.
Relativamente ao talento, associado ao trabalho, a EY refere que "o trabalho remoto veio para ficar", e relativamente ao digital o setor segurador volta a ser "um dos que enfrenta grandes desafios, fruto do impacto da pandemia covid-19 nos resultados da generalidade dos ramos, mas também devido a problemas já antigos".
Já quanto aos consumidores, a consultora antecipa que "o consumo em casa vai manter níveis elevados por um extenso período", e que "o consumidor da economia sem contacto ("touchless", através da tecnologia e da inovação de serviços) define o novo normal".
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