“No início de cada ano fazemos sempre uma previsão e entregamos essa previsão ao Fundo de Resolução. Naturalmente, [este ano], a diferença é entre a previsão que fizemos antes do covid e a que faremos depois do covid”, afirmou António Ramalho, numa entrevista conjunta ao Jornal de Negócios e à Antena 1.
Assim, conforme apontou este responsável, a “deterioração da situação económica” antevê que o banco vá necessitar de “necessidades de capital ligeiramente suplementares” às que estavam estimadas.
No entanto, o presidente executivo do Novo Banco escusou-se a antecipar números, sublinhando que só no final do ano é que estes serão conhecidos.
António Ramalho vincou que o objetivo é deixar “o banco totalmente limpo no final de 2020”, garantindo ainda que “gostaria de utilizar o menos necessário”.
À Lusa, o Novo Banco esclareceu posteriormente que "as necessidades de capital referidas só serão anunciadas em 2021, conforme estipulado no contrato" e "depois da aprovação das contas do fim do ano, auditadas e verificadas pela Olivier Wyman".
O jornal Público noticiou, no sábado, que, em 2015, um memorando confidencial do BNP Paribas em colaboração com o Banco de Portugal (BdP) concluiu que, à época, as contas do Novo Banco estavam bem provisionadas com uma carteira de crédito sustentada por garantias.
Segundo a mesma publicação, o memorando antecipava que o banco atingiria 180 milhões de euros de lucro em 2019.
O dinheiro recebido pelo Novo Banco para se recapitalizar totaliza 2.978 milhões de euros desde 2017, depois de, em 08 de maio, o Governo ter confirmado que foi realizada uma nova injeção de capital pelo Fundo de Resolução bancário.
O montante transferido, na semana em causa, para o Novo Banco pelo Fundo de Resolução (entidade financiada pelos bancos que operam em Portugal que consolida nas contas públicas) foi realizado ao abrigo do mecanismo acordado na venda do Novo Banco à Lone Star (em 2017), pelo qual o Fundo de Resolução compensa o banco por perdas em ativos com que ficou na resolução do BES.
Contudo, uma vez que o Fundo de Resolução não tem o dinheiro necessário às injeções de capital no Novo Banco, todos os anos pede dinheiro ao Estado, indo devolver o empréstimo ao longo de 30 anos.
Desta vez, dos 1.037 milhões de euros que o Fundo de Resolução pôs no Novo Banco, 850 milhões de euros vieram diretamente do Estado.
Também em 2018, dos 1.149 milhões de euros postos no Novo Banco, 850 milhões de euros vieram de um empréstimo do Tesouro.
Já referente a 2017, dos 792 milhões de euros injetados, 430 milhões de euros vieram de um empréstimo público.
No total, o Novo Banco já recebeu 2.978 milhões de euros do Fundo de Resolução para se recapitalizar, dos quais 2.130 milhões de euros foram de empréstimos do Tesouro.
O Novo Banco registou prejuízos de 1.058,8 milhões de euros em 2019, uma diminuição face aos 1.412,6 milhões de euros verificados em 2018.
Já no primeiro trimestre de 2020, a instituição financeira totalizou um prejuízo de 179,1 milhões de euros, valor que compara com um resultado líquido negativo de 93,1 milhões de euros registado em igual período do ano anterior.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 427 mil mortos e infetou mais de 7,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal morreram 1.512 pessoas das 36.463 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Em Portugal, o Governo prevê que a economia recue 6,9% em 2020 e que cresça 4,3% em 2021.
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