A Airbnb entrou oficialmente na bolsa de Nova Iorque na passada quinta-feira, 10 de dezembro, terminando o dia com uma cotação de 144,71 dólares (cerca de 119,43 euros).
As ações da empresa de reservas online de alojamento foram vendidas em Oferta Pública Inicial (IPO) a 68 dólares, observando uma valorização de 113%.
Ainda antes de se tornar pública já a empresa era referenciada como um exemplo de recuperação. Isto porque, ao verem as suas vendas descerem 70% com o anúncio da pandemia e das restrições às viagens, a empresa decidiu rever a sua estratégia. Esta revisão levou a que a Airbnb conseguisse reverter a situação e obter um lucro de 129 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2020.
Numa entrevista à CNBC, o CEO Brian Chesky explicou algumas das alterações efetuadas e o racional por trás das mesmas. Para o gestor, ainda que continuemos a viajar, a forma como o fazemos mudou drasticamente e de forma permanente. Por isso, a empresa tinha que rever medidas que tivessem em consideração desde a forma como gerem as suas despesas, à forma como devem endereçar todos os atores afetados pela pandemia, desde empregados da empresa a anfitriões (pessoas que cedem espaços de habitação para aluguer através do site de reservas), passando, claro, pelos clientes:
Despesas
Para fazer face às dificuldades que estava a viver, a empresa decidiu cortar mil milhões de dólares (cerca de 824 milhões de euros) de despesas em marketing. Optou ainda por centralizar os seus recursos naquela que é a sua atividade principal e desinvestir noutras atividades que estava a desenvolver antes da pandemia, relacionadas com serviços de transporte e media.
Clientes
Com a pandemia e a incerteza das respetivas restrições, foram muitos os clientes a sentirem-se relutantes em efetuar planos de viagem e reservas de alojamentos. De modo a descansá-los, a empresa implementou uma nova política de reembolsos, que passou a permitir o cancelamento de última hora devido a motivos de força maior. Incentivou também os anfitriões a melhorarem as suas práticas de limpeza e a deixarem um maior intervalo entre as reservas de hóspedes diferentes. Estas medidas não são obrigatórias, mas aqueles que as cumprirem será atribuído um selo oficial de “Clean & Safe”. Em muitos países, incluindo Portugal, esse selo é emitido pelo Governo.
Empregados
A empresa não pode evitar o despedimento de cerca de 25% dos seus empregados (2.000 pessoas), mas fez questão de ajudá-las. Para os que se encontravam nos Estados Unidos, dadas as circunstâncias desse país no que diz respeito ao acesso a serviços de saúde, foi disponibilizado um seguro de saúde pelo período de um ano. Por outro lado, para garantir que estes pudessem rapidamente encontrar novas oportunidades, deu-lhes o computador da empresa e, paralelamente, criou um diretório de talentos que permitisse a outras empresas a sua contratação. Mais tarde, quando se verificou uma alteração na tendência das vendas, a empresa voltou a integrar parte desses empregados nos seus quadros.
Anfitriões
A Airbnb considerou também as dificuldades dos anfitriões. Criou um fundo de 250 milhões de dólares para pagar aos que mais foram impactados por cancelamentos de última hora e um fundo de 10 milhões para ajudar a pagar os créditos à habitação.
Terá sido esta rápida capacidade de adaptação que levou a que se efetivasse aquela que acabou por ser a maior IPO do ano.
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