“Perante uma completa ausência de resposta por parte do Governo e de um plano para a reabertura do setor decidimos que neste momento não estaríamos mais dispostos a aguardar e vamos partir para uma ação de visibilidade de rua de forma a sensibilizar e a alertar as autoridades do momento muito difícil que neste momento passamos”, declarou à agência Lusa o presidente da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto.
Em entrevista telefónica à Lusa, Miguel Camões sublinhou, contudo, que os bares vão estar encerrados.
“Não vai ser uma arruada”, garantiu o responsável, acrescentando que o que que está previsto para sábado, pelas 21:00, é uma manifestação dos empresários à frentes dos seus estabelecimentos nas ruas Galerias de Paris, Cândido dos Reis, Conde Vizela e Fábrica contra a “falta de um plano de reabertura do setor”, explicou.
A Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto entende que existem condições para o setor reabrir já numa primeira fase a partir do dia 15 de junho, com horários de funcionamento até às 02:00, tendo em consideração as diferentes características e conceitos de atividade dos estabelecimentos de animação noturna.
“É possível reabrir o setor da vida noturna de forma faseada. Não podemos interpretar o setor como igual, há vários tipos de conceitos do setor de animação noturna, há vários tipos de bares, vários tipos de discotecas e há certos estabelecimentos que podem começar a abrir, porque têm uma dinâmica muito equivalente à da restauração”, declarou Miguel Camões.
Segundo aquele dirigente, há bares com lugares sentados e outros com serviço de ‘cocktelaria’ e reservas de mesa que “poderiam ser os primeiros a abrirem, num plano geral da abertura total da noite”.
Numa segunda fase, a arrancar a 15 de julho, a associação defende que se poderia permitir que “os clientes permanecessem também em pé nos bares” e avançava-se para a reabertura dos clubes e discotecas, com “limite máximo de clientes consoante as características do estabelecimento em causa”.
O plano gizado pela associação prevê ainda que a evolução da situação dessas duas fases teria de ser avaliada “conjuntamente com as autoridades responsáveis” para ajustar as “normas de segurança a aplicar” caso houvesse necessidade.
A ABDMP defende ainda que a redução do IVA para 13%, isenção da Taxa Social Única (TSU) até ao final do ano de 2021, prolongamento do ‘lay-off’ após 30 de junho, e ‘lay-off’ suportado a 100% pelo Estado.
A associação, criada a 27 de fevereiro de 2017, e que representa de momento 29 bares e discotecas do Porto, alerta que o atual momento do setor é de “profunda crise”, porque se encontra encerrado por determinação governamental desde março e por não ter qualquer expectativa de reabertura ou diálogo nesse sentido.
“Urge relançar a discussão sobre os apoios a conceder e as medidas a adotar futuramente de forma a podermos respeitar as recomendações da DGS de forma viável para os empresários e atrativa e segura para os consumidores”, acrescenta a associação, referindo já envio para à Câmara do Porto um “documento com sugestões de apoio ao setor”.
A 13 de maio, a Associação de Bares da Zona Histórica do Porto acusou o Governo de ter “desprezado” o setor durante a pandemia e pediu isenções de pagamentos à Segurança Social e Finanças em 2020 e da Taxa Social Única.
Na segunda-feira, a Associação de Bares da Zona Histórica do Porto pediu ao primeiro-ministro, António Costa, uma intervenção no setor, alertando que a pandemia trouxe “batota fiscal” e “fuga ao fisco” em alguns estabelecimentos.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 382 mil mortos e infetou mais de 6,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Em Portugal, morreram 1.447 pessoas das 33.261 confirmadas como infetadas, e há 20.079 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Comentários