“A Santoro Finance e a Finisantoro mantêm a sua vontade de, nos termos legais competentes, dar continuidade ao processo de alienação de tal participação social, dando de imediato início à apreciação de outras propostas de interesse que já se manifestaram”, lê-se no comunicado hoje divulgado pelas duas empresas.
A Santoro Finance e a Finisantoro (que em conjunto são as principais acionistas do Eurobic, com 42,5% do capital social) consideram que as razões apresentadas pelo Abanca para abandonar o processo negocial “devem-se às suas próprias opções estratégicas” e que são “alheias a qualquer facto que o possa justificar”.
As empresas elogiam ainda a “solidez e resultados positivos” do Eurobic, considerando que isso contribuiu para que, mesmo após “uma profunda análise ao banco e mesmo já num cenário de crise provocada pela covid-19″, o Abanca se tenha mantido interessado na aquisição da participação social.
O espanhol Abanca anunciou na terça-feira que desistiu de comprar o EuroBic “uma vez que as condições acordadas para o referido objetivo não foram cumpridas”.
Em comunicado, o grupo bancário espanhol disse que, “apesar de ter dedicado esforços e recursos significativos à aquisição de 95% do banco português EuroBic, foi forçado hoje a desistir da operação, uma vez que as condições acordadas para o referido objetivo não foram cumpridas”.
Ainda assim, o Abanca realçou que mantém interesse no mercado português e que “continuará a analisar potenciais operações de aquisição que fomentem sinergias ao seu projeto em Portugal”.
O banco espanhol tinha chegado no início de fevereiro a um pré-acordo para comprar 95% do capital do português EuroBic, aguardando as autorizações das autoridades regulatórias.
A operação estava pendente de uma investigação ao banco para definir o preço final da operação. Já em 05 de maio, o Abanca disse que tinha renovado a aposta na compra do Eurobic, mas por um preço inferior ao inicial, devido ao “efeito adverso” provocado pela covid-19.
Em janeiro passado foi conhecido que Isabel dos Santos ia abandonar a estrutura acionista do EuroBic, após a divulgação de documentos de uma investigação jornalística, num caso designado de ‘Luanda Leaks’. Então o Eurobic disse que essa medida se destinava a “salvaguardar a confiança na instituição” e também informou que a empresária tinha renunciado “em definitivo ao exercício dos seus direitos de voto”. Entretanto, a ações da empresária no banco ficaram sob arresto judicial.
Já hoje, o Banco de Portugal afirmou que a venda ao Abanca permitiria operar uma alteração na estrutura acionista do EuroBic, “num contexto em que um dos acionistas de referência tem, como é público, as ações sob arresto e, consequentemente, está impedido de exercer os respetivos direitos de voto”, mas afirmou que, apesar disso, “os demais acionistas, titulares de 57,5% do capital, mantêm o exercício pleno dos seus direitos, sendo responsáveis por assegurar que o EuroBic continua a desenvolver normalmente a sua atividade”.
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