“Seguimos muito de perto os desenvolvimentos políticos em Portugal. Neste momento, não vamos comentar acerca das negociações orçamentais dada a proximidade da nossa próxima revisão do ‘rating’ soberano, marcada para 12 de novembro”, pode ler-se numa resposta da Fitch a perguntsas da Lusa.

A agência Lusa também contactou a DBRS Morningstar e a Moody’s, que se mostraram indisponíveis para comentar, e aguarda resposta da Standard and Poor’s.

A Assembleia da República iniciou hoje o debate na generalidade da proposta de Orçamento de Estado para 2022, que será chumbada na votação de quarta-feira em plenário, caso se mantenha o voto contra anunciado pelo BE e PCP.

Caso os votos contra do PCP e BE se concretizem, determinando o ‘chumbo’ do Orçamento do Estado, o Presidente da República já anunciou que irá dissolver o parlamento, precipitando a organização de eleições antecipadas.

Apesar da ausência de comentário, a Moody’s remeteu para a sua Opinião de Crédito manifestada em 21 de setembro, depois de ter subido o ‘rating’ português de Baa2 para Baa3 quatro dias antes.

Nessa nota, a agência norte-americana elenca, entre os “fatores que poderiam levar a uma revisão em baixa” do ‘rating’, um “declínio do apoio político a políticas orçamentais prudentes, incluindo um aumento dos pedidos para maior despesa”.

A avaliação da Moody’s das instituições portuguesas e da força da governança nacional tem uma classificação superior (aa3) às de Itália (Baa3 estável) e Espanha (Baa1 estável) e inferior à da Irlanda (A2 positiva).

“A governança e a eficácia das políticas reflete a implementação, pelas autoridades, da redução de dívida e de reformas económicas estruturais, bem como progressos lentos na abordagem as fragilidades do setor bancário”, pode ler-se na nota.

No dia 17 de setembro, a agência de ‘rating’ norte-americana Moody’s subiu hoje a notação da dívida portuguesa de Baa3 para Baa2, com perspetiva estável, apontando a expectativa de melhoria do crescimento da economia no longo prazo.

A classificação agora atribuída a Portugal (Baa2) é a mais elevada desde 2011 e a primeira desde que em 2018 a Moody’s retirou o país do ‘lixo’ ao atribuir-lhe uma classificação de Baa3.

Antes, em 10 de setembro, a Standard and Poor’s (S&P) não se pronunciou hoje sobre o ‘rating’ da dívida portuguesa, mantendo-o no nível de investimento BBB, o mesmo sucedendo com a perspetiva estável.

No dia 27 de agosto, a agência canadiana DBRS Morningstar manteve o ‘rating’ da dívida pública portuguesa em “BBB” (alto) com perspetiva estável.

Anteriormente, em 14 de maio, a Fitch também manteve o ‘rating’ de Portugal em BBB, nível de investimento, continuando o país com perspetiva estável.

O ‘rating’ é uma classificação atribuída pelas agências de notação financeira que avalia o risco de crédito (capacidade de pagar a dívida) de um emissor, que pode ser um país ou uma empresa.

A proposta de Orçamento do Estado para 2022 entregue no parlamento prevê que a economia portuguesa cresça 4,8% em 2021 e 5,5% em 2022.

No documento, o executivo estima que o défice das contas públicas nacionais deverá ficar nos 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 e descer para os 3,2% em 2022, prevendo também que a taxa de desemprego portuguesa descerá para os 6,5% no próximo ano, “atingindo o valor mais baixo desde 2003”.

A dívida pública deverá atingir os 122,8% do PIB em 2022, face à estimativa de 126,9% para este ano.